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Comunidade luta para manter biblioteca pública na Ilha dos Marinheiros

Espaço comunitário situado na Ilha Grande dos Marinheiros está no traçado das obras da nova ponte do Guaíba. Luta é por um novo espaço dentro da ilha

11/04/2019 - 07h00min


Jeniffer Gularte
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Omar Freitas / Agência RBS
Local tem acervo de 1,5 mil livros

Uma ilha dentro da ilha. Assim a biblioteca comunitária do Arquipélago é definida por parte dos seus frequentadores, a maioria crianças e adolescentes da Ilha Grande dos Marinheiros, onde está localizada. O espaço existe há quatro anos, atendendo e formando leitores. 

O futuro do acervo de 1,5 mil livros está ameaçado, pois o prédio da biblioteca está localizado no traçado da nova ponte do Guaíba, que está 82% concluída, e terá que ser removido para a continuidade da obra. O local é a única referência do tipo no Arquipélago, que abrange as também as ilhas da Pintada e das Flores. 

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Aberto desde 2014, o espaço é a primeira ação do Plano Municipal do Livro e da Leitura (PMLL) de Porto Alegre, implementada pelo Cirandar com aporte financeiro da Prefeitura de Porto Alegre e do Instituto C&A. O Cirandar, uma organização não governamental que desenvolve ações sociais, atua como instituição formadora da biblioteca. Está atento às escolhas dos livros, à seleção criteriosa de obras e à indicação de títulos que farão a diferença na vida dos leitores.

Transferência

Além das rodas de leitura, a biblioteca promove brincadeiras, teatro, piquenique literário e encontro com escritores infantis. Todas atividades feitas a partir do incentivo da leitura e que buscam valorizar a cultura popular local e o empoderamento da comunidade.

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– Queremos que a biblioteca não deixe de existir e que seja transferida para outro lugar dentro da ilha. É um espaço que precisa permanecer presente aqui. É uma referência que crianças e adolescentes vão perder caso feche – argumenta a coordenadora de formação Renata Toigo. 

Omar Freitas / Agência RBS
Prédio é considerado outra ilha dentro da ilha

Ao longo de seus quatro anos, foram emprestados ou consultados mais de 7 mil livros, realizadas mais de 600 mediações de leitura e mais de 500 atividades culturais envolvendo, dessa forma, mais de 4 mil crianças e jovens.

Em janeiro, o Cirandar enviou um ofício ao vice-prefeito Gustavo Paim pedindo a indicação de um novo espaço dentro da ilha. Segundo a assessoria do vice-prefeito, há uma reunião marcada para o dia 17 de abril com a prefeitura, representantes da biblioteca e da comunidade local para tratar do assunto. 

Lugar de paz e tranquilidade

Para os jovens ouvidos pela reportagem, a biblioteca funciona como um refúgio. Stephany Antonizzi da Silva, 14 anos, frequenta o espaço quase todos os dias por ser um lugar de tranquilidade e paz dentro da ilha. 

– A biblioteca é um lugar de conversa, onde vejo amigas e descubro histórias. O hábito de ler, adquiri aqui. 

Segundo ela, a assiduidade do contato com os livros melhorou seu vocabulário, o desempenho na escola e a ajuda a se expressar melhor. Ao mesmo tempo, o espaço virou um local de lazer da garota: 

– Se a biblioteca se for, não teria para onde ir quando não tenho nada para fazer.  

A professora Thali Bartikoski explica que a frequência na biblioteca forma leitores ao longo do tempo. Zila Castro da Silva, 15 anos, não tinha hábito de ler até começar a frequentar a biblioteca. Agora, ir até o espaço virou um hobby. 

– É melhor ler aqui do que em casa, a gente tem mais calma, é silencioso. Aprendemos não só sobre o livro, mas discutimos as histórias dentro de outros assuntos – diz a jovem, que gosta de ler livros infantis e adolescentes. 

Omar Freitas / Agência RBS
Stephany gosta da tranquilidade da biblioteca

A menina argumenta ainda que a biblioteca ajuda na concentração, por ser um lugar onde é mais fácil ler sem ser atraída pela tela do celular.  

Também moradora da ilha, Morgana Brasil, 17 anos, é uma leitora voraz. Na tarde da última terça-feira, apareceu na biblioteca para devolver o livro Orgulho e Preconceito, da escritora britânica Jane Austen. Obra que, segundo ela, já leu três vezes:

– Esse é um espaço que precisa ser expandido, com certeza essa biblioteca faz mais diferença na nossa vida do que a construção da uma ponte – compara a jovem. 


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