Coluna da Maga
Magali Moraes e a lista perdida
Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Ir no supermercado sábado de tarde já é chato o suficiente. Sim, eu poderia ter ido durante a semana pra não deixar essa herança maldita pra mim mesma. Culpa da vida corrida. O fato é que me preparei pro momento ser rápido e objetivo. Fiz uma lista bem completa. Porque se existe algo pior do que esse programão no sábado é chegar em casa com as compras e lembrar de algo que faltou. Então caprichei e agrupei os produtos já pensando na ordem dos corredores do súper.
Tudo ia bem. Eu e minha lista na mão, riscando mentalmente cada item arremessado no carrinho. Sem caneta pra agilizar a coisa. Sem encontrar conhecidos pra não ter distração. Passei reto pelo corredor dos chocolates. Comparei preços como se fosse uma ninja. No corredor da limpeza, deslizei como se estivesse de patins. E a lista na mão, cada vez menor. Eu até rasguei um pedaço dela pra me livrar do que já tinha comprado. Truque motivacional, sabe? Sinal de missão quase cumprida.
Sumidouro
O que aconteceu? A lista ficou tão pequena que a perdi. Foi na parte do súper que é um sumidouro: a sessão de frutas e verduras. A gente perde marido ali. Perde carrinho. Perde as melhores alfaces se chega tarde. Perde a lista de compras. E perde a memória também. Em meio a batatas e cebolas, eu me perguntava: o que mais estava escrito na maldita lista?! Faltava o que mesmo? Que pepino. Era cenoura ou couve? Uma lista do tamanho de tomate-cereja só pode dar nisso.
Tentei fazer a única manobra possível nessa hora: ir voltando e procurando pelo chão. Mas ela podia ter caído em qualquer lugar. Até no carrinho de alguém. Quantas listas são perdidas por dia num súper? Segui sem lista e sem saber o que comprar. Quando cheguei no caixa, mais uma perda: a etiqueta com o preço do melão. Cadê?! Ela estava ali!! Grudou em outra coisa. Respira fundo. Volta lá e pesa de novo. Pior é o pessoal da fila nos tirar pra moscão. E o que é um pedaço de sábado perdido, né?