Coluna da Maga
Magali Moraes e o hóspede morcego
Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Quantos morcegos dão rolê em Porto Alegre? Muitos, pelo jeito. Morcego não toca a campainha, avisando que chegou. Entra quando bem entende e se instala, como se fosse de casa. Já contei que recebemos outras visitas assim. Agora foi pernoite. Dizem que o radar de um morcego é ótimo, ele se orienta pelo som. Sinto informar: radar de mãe é melhor ainda. A gente se orienta pelo som, cheiro, gosto, tato, instinto. Eles protegem o ecossistema. Nós protegemos a paz familiar.
Parecia uma manhã normal. Sou dessas que não saem sem dar beijo nos filhos. E o radar? Ligadísssimo. Na penumbra do quarto, enxerguei um treco preto grudado lá em cima da cortina. Morcego de novo! Imediatamente me transformei numa equipe de resgate e tirei o mangolão do quarto. Não o morcego, mas o filho que dormiu de janela
aberta. Num momento de ousadia, me aproximei da cortina pra analisar a situação. Não resisti e fiz uma foto. Jamais seria uma selfie. Eu queria ter provas da invasão.
Problema
As opções eram 1) Fechar a cortina de rolo num movimento único e certeiro, prensando o bicho lá dentro. O que só adiaria o problema. 2) Botar uma toalha de banho na cabeça (sei lá, vá que ele resolve grudar no meu cabelo) e tentar espantar o bicho com a vassoura. 3) Chamar alguém pra nos socorrer. Óbvio que escolhi essa última. Na mesma hora, liguei pro Rodrigo. Ele é zelador do nosso prédio e já me salvou outra vez. Como diz um amigo meu, os heróis não vestem capa.
O Rodrigo chegou com a cara, a coragem e uma peneira de limpar piscina. Rapidinho caçou o morcego e foi soltar na janela. Opa! Andar alto. Rede de proteção em todas as aberturas! E o bicho batendo asa. Abre a porta da casa! Traz uma sacola! PAAAH! A porta bate com a chave dentro. E a gente no corredor. Ligo pro filho. Traz a chave!!
Bah, que adrenalina de manhã cedo. Nos livramos do morcego. Era uma sacola boa, que pena. Avisa lá que eu não quero mais esse tipo de visita.