Depois de tantas notícias ruins envolvendo escolas, como o atentado em Suzano, as recentes ameaças a colégios Maristas e os casos de violência entre alunos e professores, fiquei sabendo de algo bom. Ou melhor, incrível! E que deve ser contado pra dar o exemplo. É assunto pra ser discutido em outras escolas daqui e do resto do país, nas públicas e particulares. É conversa pra continuar dentro de casa. E perguntar pros filhos adolescentes o que eles pensam a respeito.

Nesse março que já entrou pra história, um grupo de meninas se uniu e acabou com uma tradição machista (e gordofóbica) que acontece há anos no Anchieta: o listão que os guris do terceirão fazem classificando as mais bonitas e gostosas. O jogo virou e elas criaram o "Listão das Guria", citando qualidades de cada uma. Chega de valorizar peitos e bundas. Agora o elogio é pro sorriso contagiante, a habilidade no futebol, a força, o talento pra contar histórias e qualquer dom que não se limite à beleza.

Leia mais colunas da Maga

Espelho

Tá achando bobagem? Pense em quantas meninas foram chorar no banheiro porque não mereceram entrar na lista. Nas que passaram a vomitar o almoço pra se aceitar na frente do espelho. Nas que sonharam estar nesse ranking, acreditando que o olhar masculino define uma mulher. Ranquear beleza também é agressão. É autoestima no chão. Quanta energia desperdiçada! Uma brincadeira boba que intimida e gera desconforto. Celebra só o que se vê por fora. Nos dias de hoje, não cabe mais.

Gostei de saber que elas usaram as palavras da Rupi Kaur no manifesto lido no pátio. Essa poetisa indiana pediu desculpa a todas as mulheres que um dia descreveu como bonitas, antes de dizer corajosas ou inteligentes. As gurias do Anchieta fizeram isso. E incluíram TODAS no listão. Provavelmente vão mudar a lista que faziam dos guris pra revidar. É como diz a cantora IZA, em Dona de Mim. Sempre fiquei quieta, agora vou falar. Se você tem boca, aprende a usar.