Papo reto
Manoel Soares conta o que acontece quando o ódio vira herança
Colunista escreve nas edições de final de semana do Diário Gaúcho
Vi em uma saída de escola dois meninos de aproximadamente oito anos trocando socos enquanto alguns adultos assistiam e davam risada. Entrei na parada e separei as crianças. Recebi críticas dos que estavam vendo, achavam que era importante o menino saber quebrar a cara de quem o incomodava. Perguntei ao menino mais agressivo o porquê de toda aquela raiva, e ele disse que o outro o chamou de "Bolsa Família" e também disse que era "Filho do Lula".
O que não estamos notando é que esses períodos de disputas ideológicas foram tão acirrados que ensinamos nossos filhos odiar. Por conta das opiniões dos pais, as crianças absorvem os ódios, e sempre que o bicho pega nos eximimos da culpa. A moral é promover a paz e entender que os pequenos aprendem com nossos atos e vão reproduzir isso.
São nossos reflexos
Um menino ataca o coleguinha por ele depender de um benefício do governo. Os meninos que se agridem por conta disso são consequência das nossas babaquices, e isso levam para a vida. Herdamos de nossos pais os traumas e passamos nossos defeitos como herança.
Se requer muita humildade mental e emocional para não cair nessa cilada. Reproduzir a violência de nossas opiniões é um exemplo de que estamos sendo pais ruins. Não é fácil entender isso, mas eles são reflexos.