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Caminhos do aprendizado

A trajetória da ex-aluna de cursinho popular que hoje dá aula no mesmo projeto

Após entrar na UFRGS com ajuda de cursinho popular da Capital, Paola agora dá aulas para outros futuros universitários

06/05/2019 - 07h00min


Elana Mazon
Elana Mazon
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Omar Freitas / Agencia RBS
Os alunos sabem que a professora já esteve no lugar deles, e isso é capaz de inspirá-los

Poucas coisas deixam Paola Borges, hoje com 21 anos, tão feliz como encontrar ex-alunos do Resgate Popular pelos corredores da UFRGS. Atualmente aluna do curso de Licenciatura em Biologia na universidade, a moradora do bairro Navegantes, zona norte de Porto Alegre, entrou no Ensino Superior após passar pela iniciativa, que oferece cursinho pré-vestibular popular desde 2002. 

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Este ano, o Diário Gaúcho acompanha a turma que se prepara para o Enem (que tem inscrições começando nesta segunda-feira, veja abaixo) e vestibulares, em uma série de reportagens batizada de Caminhos do Aprendizado.

Em 2018, Paola entrou para o time de professores voluntários como plantão – profissional que oferece atendimentos aos alunos em uma certa disciplina, para tirar dúvidas e ajudar em conteúdos específicos. Nesta experiência, teve a oportunidade de conhecer de perto histórias de estudantes.

– Na época do plantão, eu sentava com eles, conversava. Ouvia muito os alunos. Alguns deles já tinham estudado em outros anos e estavam tentando mais uma vez. É muito bom encontrar com eles na UFRGS – conta ela.

Desde março, Paola passou a ser professora efetiva do Resgate. Todas as sextas-feiras, ela ministra um período de Biologia para a turma que fará vestibular e Enem neste ano. A ideia de ser voluntária uniu dois aspectos importantes para a estudante. O primeiro é poder, ainda na faculdade, exercer sua profissão.

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– Eu decidi estudar licenciatura porque acho a profissão de professor incrível. Então, já queria estar em um ambiente onde pudesse dar aulas, para saber como é. Quando vi que o Resgate precisava de voluntários em Biologia, achei ótimo – conta ela, que também dá aulas semanais em outro cursinho popular em Porto Alegre.

Outra questão é poder ajudar outras pessoas a chegar onde ela já chegou:

– Queria dar algo de volta, mostrar o quanto este projeto mudou a minha vida e fazer parte dele, de alguma forma. O Resgate tem um papel social muito importante. Discute temas como racismo, cotas e muitos outros. Faz a gente mudar a visão de mundo. 

Foi um marco na minha vida.

Exemplo a ser seguido

Os alunos, é claro, sabem que a profe já esteve no lugar deles. A presença dela é capaz de inspirar os outros, mas Paola prefere pensar diferente:

– Acho exemplo uma palavra muito forte. Mas vejo que eu dou força para o que eles buscam. Eles me olham e percebem que é possível, pois eu estava lá e, agora, estou na universidade.

Quem ouve Paola falando sobre a sua profissão pode pensar que ela sempre quis dar aulas. Mas a história não foi essa. Apaixonada por animais quando criança, ela iniciou o pré-vestibular com o objetivo de cursar Medicina Veterinária. 

Ao longo do ano, porém, passou a estudar a fundo cada profissão, suas áreas de atuação, de estudos e possibilidades de trabalho.

– Os professores insistem nisso, e é realmente importante. Paralelo a isso, também me apaixonei pela Biologia em função das aulas de um dos meus professores da época, o Bruno. Ele era o meu padrinho no Resgate, me ensinou muito e decidi fazer o curso que faço hoje muito em função dele. Foi uma inspiração – afirma Paola.

Rotina puxada com recompensa

Aluna de escola pública, Paola começou a trabalhar no último ano do Ensino Médio. No mesmo ano, tentou o vestibular pela primeira vez, mas não passou. No ano seguinte, conseguiu a vaga no cursinho.

Omar Freitas / Agencia RBS
Paola teve rotina muito puxada para conseguir entrar na Universidade

– Eu segui trabalhando como auxiliar fiscal em uma imobiliária. Saía de casa às 7h30min e voltava só depois da aula, por volta das 23h30min. A rotina era bem puxada – conta.

Para os estudos em casa, restavam apenas os finais de semana. Naquele ano, Paola fez Enem e  vestibular na UFRGS.

– No Enem não fui tão bem. Mas consegui entrar pelo vestibular. Eu já havia feito antes, mas o ensino público não prepara para uma prova como aquela. Depois do Resgate, passei a ter outro pensamento. Eu conhecia não apenas os conteúdos, mas a dinâmica da prova.

Ver o nome no listão foi uma emoção tão grande que Paola demora alguns segundos para falar sobre o momento:

– Eu mal tenho palavras. O mundo parou. Eu não estava acreditando que aquilo era real, que meu sonho estava se realizando.

Inscrições para o Enem iniciam nesta segunda

Começa nesta segunda-feira (6) o prazo para os estudantes garantirem uma vaga na disputa do Enem 2019. A inscrição é feita exclusivamente pelo endereço do exame na internet. Os interessados devem acessar o sistema até 17 de maio e, se não forem do grupo de isentos, pagar a taxa de inscrição no período até 23 de maio.

Para realizar a inscrição, o participante deverá informar corretamente o número de seu CPF e sua data de nascimento em consonância com os dados cadastrados na Receita Federal, para não inviabilizar a correspondência de informações. Recomenda-se, portanto, verificação dessas informações pessoais na Receita antes de efetuar a inscrição ao Enem.

O que o candidato precisa:

— Informar um endereço de e-mail único e válido, e número de telefone fixo ou celular válidos.

— Solicitar, se necessário, atendimento especializado, específico e/ou pelo nome social.

— Indicar o município onde deseja realizar a prova.

— Selecionar a língua estrangeira (inglês ou espanhol) que realizará a prova.

— Criar uma senha de acesso ao sistema.

— O número de inscrição gerado e a senha cadastrada deverão ser anotados em local seguro, pois serão utilizados para acompanhamento de inscrição, consulta ao Cartão de Confirmação da Inscrição, acesso aos resultados e inscrição nos programas do Ministério da Educação. 

— A senha é pessoal, intransferível e de responsabilidade do participante.


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