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Coluna da Maga

Magali Moraes e o nosso nariz de Pinóquio

Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

02/05/2019 - 15h53min

Atualizada em: 02/05/2019 - 16h31min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Sabe as mentirinhas do dia a dia? Aquelas que a gente conta pra si ou pros outros? Deus tá vendo. Balançando a cabeça e pensando "quem eles acham que enganam?" Eita. Enganamos a nós mesmos, óbvio. Somos humanos e imperfeitos. Mas esse tipo de mentira não é de todo mal. São desculpas esfarrapadas. As famosas enganadinhas. Fazemos isso pra ganhar tempo, evitar conflito, manter as aparências, ter sossego. E principalmente pra corresponder às expectativas dos outros.

Vamos ver se alguém aí se encaixa nesses exemplos. "Ficou lindo o novo corte de cabelo!" (Mentira, você achou horrível e não quer magoar a pessoa). "Claro que vou na festa!" (Mentira, já decidiu ficar em casa de pantufa e ninguém vai te obrigar a ir). "Vou dormir só mais cinco minutinhos." (Mentira, cadê a vontade de levantar da cama e enfrentar um emprego chato?). "Um pedaço a mais de torta pode." (Mentira, você quer comer a torta inteira porque está se sentindo triste). O Pinóquio existe em todos nós.

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É o ônibus que demorou pra passar ou a gente que ficou horas no banho e se atrasou pra sair? É o cachorro que comeu o dever de casa ou o estudante que tá sem motivação? Na academia, mentimos que contamos até 20 no abdominal. No carro, mentimos que não é perigoso atender o celular enquanto dirigimos. No relacionamento, mentimos que está tudo bem e foi só um momento de violência. E tem as piores mentiras: amanhã eu cuido de mim, amanhã eu mudo, amanhã eu resolvo a vida.

Na verdade, não seria preciso aplicar essas mentirinhas diárias se a gente pudesse ser sincero o tempo todo, doa a quem doer. E como fica o convívio social? As pessoas estão preparadas pra aceitar a sinceridade um do outro? Longe de mim dar lição de moral porque também faço dessas. Mas estou tentando ser mais sincera comigo mesma, antes de tudo. Esse nariz de Pinóquio não é nada confortável. Se ele cresce é porque algo importante ficou pequeninho e esquecido dentro de nós. 



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