Coluna da Maga
Magali Moraes e os puxadores de conversa
Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Eles estão por toda parte: na parada do ônibus, dentro do elevador, atrás de você na fila, ao seu lado na sala de espera. Qualquer silêncio é pretexto pra um puxador de conversa começar a agir. Aliás, que dificuldade manter a boca fechada. Alguém tem que comentar sobre o tempo, o buraco na rua, o resultado do jogo. Das banalidades da vida surgem novas amizades. Eles poderiam ser puxadores de samba, se soubessem cantar. Mas nem precisa. Puxar conversa também pede ritmo.
Se o mundo fosse um lugar justo, cada puxador de conversa encontraria sempre um solitário no seu caminho. É boa ação, gente! Já pensou no papel social de um puxador de conversa? Não é só falar pelos cotovelos. É ser um pouco psicólogo, guru espiritual, conselheiro amoroso. E ele não cobra nada por isso (apenas atenção). Quantas pessoas andam por aí sem companhia pra conversar. Falar com as plantas até ajuda, mas falta diálogo. Ouvir só a voz do pensamento é chato.
Arrisca
Um puxador de conversa dos bons nem precisa olhar nos olhos pra soltar a primeira frase. O outro tá distraído? De cabeça baixa? O puxador arrisca. Sabe usar seu carisma. Dispensa apresentações formais. Joga no ar um comentário, sem querer querendo. Tipo pescador que joga o anzol no mar. Alguma coisa volta, é só esperar. Dar bom dia também é um quebra-gelo. Nem a cara enfiada no celular intimida um puxador de conversa. Aliás, tá todo mundo sempre assim hoje em dia.
Se você gosta de puxar papo, acha que tem potencial pra se transformar num puxador profissional de conversa, posso ajudar. Faz bem pros outros e pra você, sabia? Notícias recentes e o dia a dia são assuntos que aproximam. Contar algo pessoal, que gere simpatia e identificação, também funciona. Sei porque faço isso aqui na coluna há mais de quatro anos. Sou uma puxadora de conversa que se imagina sempre num elevador com você. Não falo sozinha. Sei que aí do outro lado, de um jeito ou de outro, você responde.