Papo Reto
Manoel Soares: "Nem tudo que é valioso custa caro"
Colunista escreve nas edições de final de semana do Diário Gaúcho
Não podemos condenar a galera que ostenta. Esse desejo é natural e compreensível. Ter um tênis caro, um celular bacana ou um carro potente é uma forma de dizer que está vivo e que pode ir além das suas fronteiras. Os amantes da ostentação nas quebradas são pessoas que não aceitam que seu berço seja seu destino. São dotados de uma energia vital que pode fazer toda a diferença se direcionada para a direção correta.
Alguns, por exemplo, economizam o ano todo para comprar um celular de R$ 4 mil. Assumem dívidas absurdas só para ter uma camisa oficial de um time europeu que sequer sabem pronunciar o nome corretamente. Se esta disciplina for dirigida para o seu próprio crescimento, esta pessoa será imbatível.
De verdade
Eu sempre divido com os jovens, em minhas palestras e atividades, que ostentação de verdade é conseguir rebocar a parede da casa da mãe, é tirar o nome do SPC, é proporcionar para os filhos uma educação de qualidade. Eu hoje tenho acesso a muitas coisas que nunca sonhei, mas nada que tenho foi mais importante do que o dia em que disse a minha mãe que ela não ia mais precisar fazer faxina para viver.
Nada contra a faxina, afinal foi o que nos manteve vivos por anos, mas ver as unhas dela comidas por produtos de limpeza, a coluna destruída de esfregar o chão era demais para mim. Poder dar essa liberdade a ela foi mais valioso do que qualquer carro ou viagem que fiz.
Sejamos nobres em nossos desejos de ostentação e, em pouco tempo, saberemos que nem tudo que é valioso custa caro.