Obituário
Morre Adelaide Ribeiro, que durante 30 anos atuou em projeto solidário em Gravataí
A dona de casa era o braço direito do marido, o policial militar reformado Ricardo Fernandes, 61 anos, que percorre as ruas da cidade recolhendo donativos para os necessitados
Foi sepultada em Coronel Bicaco, no Noroeste do Estado, a dona de casa Adelaide Ribeiro, 68 anos, que há 30 anos dedicava a vida aos necessitados. Moradora do bairro Morada do Vale III, em Gravataí, ela era casada com o policial militar reformado Ricardo Fernandes, 61 anos. Juntos, o casal se tornou conhecido no Estado e até nos países vizinhos pela corrente de solidariedade que criaram.
A história do casal foi a 10ª a ser contada na série Singular - RS que Inspira, publicada no caderno DOC de Zero Hora e no Diário Gaúcho, em 20 de abril deste ano. No início, o casal fazia doações esporádicas das próprias roupas. Fernandes foi se desfazendo de bens materiais para servir aos mais necessitados. Fez voto de pobreza. E decidiu ampliar a ação. Apoiado pela mulher, começou mobilizando os vizinhos.
Em poucas semanas, as arrecadações triplicaram. Sem carro, a família optou por um carrinho usado em reciclagem com capacidade para 300 quilos. Diariamente, ele saía as ruas para recolher os donativos depois separados carinhosamente por Adelaide. Aos poucos, a rede de solidariedade foi se formando. Hoje, comerciantes da cidade e inúmeros voluntários os apoiam regularmente, tornando-se parceiros na iniciativa.
— É um trabalho que, apesar de muito pesado, nos dá muita alegria. Gosto de ajudar o Ricardo porque ele fica feliz a cada nova entrega nas cidades — comentou Adelaide, na época.
Casados há mais de 30 anos, os dois tiveram juntos um filho adotivo. Adelaide morreu no último dia 5, vítima de parada cardiorrespiratória. Ela se recuperava de um AVC, sofrido no final de junho e que lhe havia tirado os movimentos e a fala.
Adelaide foi sepultada em sua terra natal, na manhã do domingo passado.
— Ela foi o meu grande amor. Me deu as maiores alegrias e foi a minha grande companheira. Por ela, quero continuar trabalhando pelos mais necessitados — garantiu Fernandes, emocionado.