Região Metropolitana
"Não consigo entender por que atiraram nele", diz filho de motorista de app morto em Viamão
Corpo de Paulo Jocemar Machado Gonçalves, 43 anos, foi encontrado na noite de terça-feira. Como os pertences da vítima não foram localizados, Polícia Civil trabalha com hipótese de latrocínio
O jovem Bruno da Chary Gonçalves, 26 anos, e sua família buscam entender os motivos que levaram ao assassinato do pai dele, o motorista de aplicativo Paulo Jocemar Machado Gonçalves, 43 anos. O corpo foi encontrado na noite de terça-feira (9), em Viamão, na Região Metropolitana.
Segundo Bruno, que também trabalha como motorista de aplicativo, o último contato que o pai fez foi por volta das 21h. Ele falou com a esposa, que é enfermeira em um hospital de Porto Alegre. O casal, que possui uma filha de dois anos, conversou por alguns minutos. Como todos os dias, ele combinou de buscá-la ao fim do expediente, à 1h, para voltarem para casa juntos. No entanto, isso não aconteceu.
Conforme Bruno, em um grupo de Whatsapp onde os motoristas compartilham a localização dos veículos como forma de proteção, Paulo Jocemar informou que inciou uma corrida pouco depois de encerrar a ligação com a esposa, saindo do bairro Jardim Ypu, na zona leste de Porto Alegre até Viamão. Por volta das 21h45min, o compartilhamento da localização foi encerrado no bairro Esmeralda, mesma região onde foi encontrado morto com marcas de dois tiros, por volta das 22h.
— Era 1h10min e minha madrasta começou a ligar avisando que ele não tinha aparecido. Começamos a procurar. Fui para Viamão, depois para o Cristo Redentor. Tinha a esperança de encontrá-lo caminhando na RS-040, após ser assaltado, ou algo parecido. Infelizmente, encontrei ele morto no Instituto Médico Legal (IML), após receber a ligação do cunhado do meu pai, que é policial —conta Bruno.
Além do carro que Paulo Jocemar usava — um Meriva —, a carteira, o celular e os demais pertences foram levados pelos criminosos. O veículo foi encontrado horas depois pela polícia.
Paulo Jocemar trabalhava há dois anos como motorista de aplicativo . Antes disso, era vendedor em uma loja de iluminação localizada na zona norte da Capital. Além da filha de dois anos, do atual relacionamento, era pai de uma adolescente de 16 anos e de Bruno. Também tinha uma neta de três anos.
— A gente gostaria de entender por que atiraram nele. Eu conheço meu pai muito bem. Ele nunca iria reagir. Era uma pessoa muito tranquila, não se irritava cOm nada. Ele mesmo falava e orientava a gente sobre isso. Que se fossemos assaltados, o melhor a fazer era entregar tudo — disse Bruno.
De acordo com o filho, o pai já havia sido vítima de assalto no ano passado, na região do Porto Seco, na zona Norte de Porto Alegre. Na ocasião, ele foi rendido por criminosos que fugiram com o carro.
— Está muito difícil. Somos todos muitos próximos. A minha casa é no mesmo pátio da casa dele e da minha madrasta, aqui no bairro Jardim Ypu. Estou com medo da reação da minha irmã de dois anos. Ela era muito apegada a ele, sempre esperava chegar em casa. E como explicar para ela o que aconteceu? Também não sei mais se vou seguir trabalhando com aplicativo. Como vou fazer uma corrida tranquila depois disso? — questionou.
O corpo de Paulo foi sepultado às 9h desta quinta-feira (11) , no cemitério da Santa Casa, em Porto Alegre. Durante a manhã, motoristas de aplicativos fizeram uma carreata por diversas vias da Capital cobrando justiça.
A Polícia Civil está analisando imagens de câmeras de segurança e apurando informações repassadas pela empresa 99, a qual o motorista prestava serviços. A principal linha de investigação é de latrocínio (roubo com morte), mas não está descartada a possibilidade de homicídio, segundo o delegado Guilherme Calderipe.
O que diz a 99
Procurada por GaúchaZH na quarta-feira (10), a empresa 99 enviou uma nota:
"A 99 informa que está apurando o ocorrido. A empresa se solidariza com a família da vítima e lamenta profundamente esse e qualquer caso de violência. O aplicativo se encontra aberto a colaborar com as autoridades."