Coluna da Maga
Magali Moraes: a manhã depois da insônia
Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Ninguém merece uma noite com insônia. Ainda mais uma noite que tinha tudo pra dar certo. Você só queria um sono reparador. Milagrosamente deitou mais cedo que o usual. Apagou a luz da cabeceira já bocejando. Acomodou o travesseiro e puxou as cobertas. Bora dormir o sono dos justos. Mas a insônia decidiu chegar. Cada minuto revirando na cama é uma eternidade. A cada espiada nas horas, mais o sono se nega a voltar. Quanto tempo falta pro alarme tocar? É a contagem regressiva dos infernos.
Tomara que alguma coisa você consiga dormir, por mais que a sensação seja de não pregar o olho. Um cochilo que seja. Na manhã seguinte, é inevitável se perguntar qual foi a causa da insônia. Junte seus cacos e ache disposição pra raciocinar. Puro azar nunca é. Não existe um bingo noturno, onde o perdedor é contemplado com uma longa noite em claro. Deve ser aquela preocupação que foi pra cama com você. A bandida que tirou o seu sono tem nome e sobrenome. Sempre tem.
Sol
Insônia só poderia acontecer no verão. Aí dá pra abrir a janela e contar as estrelas, depois de ter contado 500 mil carneirinhos e rezado pra tudo que é santo implorando pra dormir. Se a temperatura ajuda, melhor levantar pra ler, molhar as plantas, tomar banho, ver o sol nascer, sei lá. Ter insônia no auge do inverno é muita covardia. Não dá coragem de botar o nariz pra fora da cama. No vira e revira, as cobertas precisam acompanhar o corpo, senão você congela. E aí, sim, não dorme.
A manhã depois da insônia é cruel. A rotina segue e ninguém liga se você tá virado no bagaço da laranja. Devia ter acendido a luz e lido a noite inteira! Mas acordar a pessoinha que dormia de boas do seu lado? Quer dizer, isso se for alguém com sono de pedra. Que inveja! Uns com tanto, outros com tão pouco. Já a noite seguinte à insônia é de esperança e expectativa. O dia se arrastou. Foi especialmente cansativo. A cama chama. Que a cabeça desligue feito o disjuntor geral.