Polêmica
"Nada é feito na mão grande", diz secretário de Meio Ambiente de Guaíba sobre corte de árvores na cidade
Moradores e especialistas tem contestado ações da prefeitura
O corte de árvores em áreas públicas de Guaíba tem gerado controvérsia entre ambientalistas, moradores e a prefeitura. À frente da secretaria de Agricultura e Meio Ambiente desde 2017, Selito Carboni tem coordenado alterações na arborização da cidade, uma ação classificada pelo próprio como “limpeza urbana”. A iniciativa consiste em substituir árvores antigas, que apresentam problemas, por novas mudas.
Porém, a forma como vem sendo executada a supressão das plantas tem sido contestada pela Associação Amigos do Meio Ambiente (Ama) e por integrantes do Conselho Municipal de Meio Ambiente. As duas entidades, formadas por técnicos e especialistas da área, reclamam da falta de critérios e acusam a prefeitura de fazer um corte desordenado da área verde.
Natural da cidade de Relvado, no Vale do Taquari, Selito Carboni, 59 anos, secretáro de Meio Ambiente, vive há 40 anos em Guaíba. É criador de gado e planta pastagem e soja. Este é o primeiro cargo público dele. Confira uma entrevista com o secretário:
O que fez a prefeitura repensar a arborização?
Guaíba ficou atirada por muito tempo. Era terra do lixo. Sofremos muita resistência, mas hoje a cidade é limpa. Sou empresário, estou dando uma mão para mudar a cidade. Agora, pulamos para a segunda etapa. Cada morador planta uma árvore, aquilo bate na rede de luz. A gente resolveu padronizar avenida por avenida, plantar só um tipo de árvore.
Na Avenida Perimetral, muitas árvores foram extraídas. Foi feito um estudo técnico?
Sim, tem uma área técnica da prefeitura que fez levantamento. Se criou uma licença ambiental, foi calculada e emitida pelos técnicos. A compensação ambiental previa replantar 80 árvores e plantamos 160. A população pedia a limpeza daquele valo.
Visitamos ele no domingo e segue bem poluído, muito lixo, apesar do corte das árvores.
Não terminamos a limpeza.
Há um plano de manejo feito antes da supressão nas demais áreas?
Para cada rua existe um estudo separado.
Como ele é feito?
A área técnica vistoria na hora e cabe ao técnico decidir, o engenheiro florestal da secretaria, quais árvores serão cortadas. Nada é feito na mão grande.
A prefeitura comprou 1,5 mil mudas. Qual o custo disso?
Nenhum. São compensações pagas pelas empresas e pessoas físicas quando fazem cortes e pedem autorização de licenciamento. A pessoa paga o boleto dessa muda. Em vez de deixar as pessoas plantarem mal, nós preferimos plantar.
Tem um terreno ao lado da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente no qual que todas as árvores foram cortadas, inclusive da via pública. Por quê?
É uma área privada que só tinha corticeira e eucalipto. Vão construir um prédio. Essa licença foi expedida pelo governo anterior. Nada é feito na mão grande.
Na praça da Igreja Matriz foi retirado um eucalipto que, segundo moradores, tinha mais de cem anos. Por quê?
Os moradores das casas ao lado não dormiam mais. E se um galho cai e mata alguém? Teve muita reclamação, as pessoas tinham pavor quando começava a ventar.
Integrantes da Ama alegam que a prefeitura tem cortado árvores saudáveis. É verdade?
Eles são contra tudo e todos, mas entendo o direito deles reclamarem. Cortamos árvores que têm problemas. Árvore depois de 30, 40 anos não produz mais oxigênio. Estamos tirando o que não presta.
Até quando vai o corte de árvores?
Deve ser encerrado essa semana, ainda vamos atender colégios e praças.
Qual a sua formação para a área do meio ambiente?
Nenhuma. Tenho experiência, sempre fui empresário. Estou aqui com o intuito de mudar a cara de Guaíba. São invocados comigo porque não tenho formação.