SOLIDARIEDADE
Voluntários transformam a realidade de crianças do Morro da Cruz, em Porto Alegre
Coletivo Autônomo Morro da Cruz oferece atividades extracurriculares ligadas ao esporte, à cultura e ao lazer.
Reconhecer as potencialidades do lugar em que vivem, unir a comunidade, proporcionar conhecimento e atividades extracurriculares são apenas algumas das tarefas da ONG Coletivo Autônomo Morro da Cruz, na zona leste de Porto Alegre. Apesar do pouco tempo em atividade, o movimento tem trazido um novo sentido para a vida de muitas crianças e adolescentes da região.
Por meio de oficinas de capoeira, alfabetização, reforço escolar, inglês, ioga, coral, artesanato, percussão, entre outras, um grupo de voluntários e educadores sociais se mobiliza para transformar a visão da comunidade e explorar novos talentos.
– Nosso propósito é mostrar o que eles são capazes de fazer e descobrir potencialidades – explicam Elenira Martins Pereira, 57 anos, Jorge Menezes, 53 anos, e Eduardo Santos, 30 anos, alguns dos idealizadores.
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O Coletivo começou oficialmente em abril deste ano, mas a iniciativa é bem mais antiga. Há quase três anos, durante o desenvolvimento de estudos da antropóloga Lucia Scalco, atual presidente da ONG, um grupo se reuniu para construir uma escadaria no Beco das Pedras, dominado por vielas e esgoto a céu aberto. Segundo Elenira, vice-presidente da ONG, a obra começou a reunir muitas crianças, curiosas pela movimentação das pessoas estranhas.
No local, havia uma geladeira velha onde as crianças começaram a guardar papéis, canetas e brinquedos, quando terminavam de brincar e assistir a andança dos visitantes. Elas passaram a chamar o local de escolinha.
Ao ver ali uma porta de entrada para um projeto maior, voluntários resolveram levar a “eskolinha” – com K, nome dado pelos participantes –, para um espaço cedido na sede da Associação de Moradores do Morro da Cruz. Construída a muitas mãos, a sala consegue atender cerca de 40 crianças diariamente com 15 voluntários. Só não abre aos domingos e, pouco a pouco, novas atividades estão sendo ofertadas.
Parte das oficinas também ocorre na quadra de esportes da comunidade. A geladeira, símbolo de todo o processo, está logo na entrada da sede, que tem se tornado, cada vez mais, um ponto de referência para o bairro.
– É muito legal poder vir até aqui, pois é diferente da escola. Eles nos dão mais atenção, são mais gentis – revela Isadora da Silva, nove anos, que faz reforço escolar na organização.
A dificuldade em aprender a ler e escrever notada em crianças em idade escolar chamou a atenção dos professores voluntários e tem sido trabalhada com prioridade pela direção. As aulas são ministradas pela educadora e ex-deputada federal Esther Grossi e sua equipe.
– É um grupo que teve problemas na escola e que ainda não sabia ler nem escrever. Isso acaba criando problemas com os demais colegas, como o bullying. Precisávamos tirar esse bloqueio trazido pela escola – ressalta Elenira.
Só a alfabetização tem 22 estudantes, de sete a 15 anos.
Recentemente, um novo espaço foi cedido para a ONG. A estrutura onde ficava uma capela, a cerca de cinco minutos da sede oficial, está fechada e demanda uma reforma. O grupo de professores e alunos está em busca de materiais de construção e parceiros para realizar a obra. Como não recebem nenhum tipo de apoio financeiro do poder público e iniciativa privada, a ONG também precisa de doações de alimentos (leite, chocolate em pó, bolachas, pão) para os lanches dos alunos. Em setembro, a turma da capoeira vai participar de uma atividade externa e ainda não tem a roupa adequada para a apresentação.
Para ajudar:
- É possível procurar os responsáveis pelo coletivo, ao lado da Associação de Moradores, na Travessa 25 de Julho, 1.572, Morro da Cruz.
- Contato por telefone com Eduardo no (51) 98463-8773.