Empoderamento
Bloco da Trinca prepara debutantes para desafios além do baile
Série de palestras e encontros incentiva e reforça a cidadania e a autoestima das meninas, cuja festa de 15 anos será realizada em outubro
Nove meninas da periferia se preparam para um baile de debutantes promovido pelo Bloco da Trinca. Mais do que os detalhes que envolvem a festa – como cabelo, maquiagem e vestido –, as meninas têm aprendido noções de cidadania e autoestima nos meses que antecedem o grande dia.
Desde julho, as jovens já participaram de quatro workshops sobre empoderamento, discriminação, primeiro emprego, sexualidade, gravidez na adolescência e violência. Neste domingo, no penúltimo encontro antes da festa, que ocorre em 5 de outubro, no Tênis Clube Teresópolis, foi a vez da oficina de dança e valsa.
As discussões levantadas nos workshops têm como objetivo trazer conhecimentos que elas possam levar para além da data do baile:
– Elas receberam uma orientação completa. Dicas de como se maquiar para uma entrevista de emprego, qual a postura que devem ter, como devem estar atentas para identificar situações de abuso – explica Tailane Pedroso, diretora do departamento feminino do Bloco da Trinca.
Formado por componentes de baterias de outras escolas de samba, especialmente da Bambas da Orgia, o grupo de amigos compôs um bloco de Carnaval em 1984 e, desde então, promove festas e bailes. Esta é a primeira vez que a comemoração envolve debutantes. As famílias das meninas demonstraram interesse pelas redes sociais, e um grupo de nove meninas foi formado. As debutantes são da Restinga, Morro da Cruz, Partenon, Agronomia, Passo das Pedras e de Alvorada.
Para cada uma delas, o baile representa um desafio diferente. Stefany Beatriz Lima França, 15 anos, conta que a maior dificuldade é caminhar _ e dançar _ de salto alto, principalmente por estar habituada a andar de tênis. Neste domingo, elas ensaiaram os passos de uma dança que irão apresentar e da valsa. Também teve teste de cabelo e maquiagem.
Amizade que surgiu do encontro
Os compromissos em comum criaram um laço de amizade entre as meninas, que não se conheciam até entrarem para o projeto:
– De cara nos demos muito bem e estamos bem entrosadas. Compartilhamos emoções de um dos dias mais felizes das nossas vidas – afirma Victória Ribeiro, 16 anos, da Restinga.
A jovem afirma que o aumento da autoestima foi o maior ganho que o projeto lhe trouxe até agora.
– Sem se gostar, a gente não consegue fazer nada – ensina.
Alessandra Pedroso, também da diretoria feminina do Bloco da Trinca, explica que, ao longo das oficinas, as meninas aprenderam a serem mais espontâneas, a perder a timidez e a controlar o nervosismo em público:
– Nossa ideia era mostrar um outro mundo para elas. O projeto não quer ser apenas o glamour da festa, mas o elo dela com diferentes áreas.
Diretor do bloco, Turi Silva conta que é gratificante perceber a evolução das meninas desde o começo do projeto:
– No dia da prova dos desfiles, foi lindo ver a emoção delas com aquela roupa.
As jovens não terão nenhum custo com o baile, que está sendo todo organizado por meio de doações.