Homenagem
Dia do jornaleiro: quem são as pessoas que carregam a informação na palma das mãos
Neste 30 de setembro, o Diário Gaúcho homenageia os profissionais responsáveis por levar diariamente o jornal até milhares de gaúchos
Daniel: um sorriso e um jornal
São 3h30min quando o despertador de Daniel Trindade, 53 anos, toca para iniciar mais um dia de trabalho. Desde 6 de junho de 2012, de segunda a sábado, sua rotina é esta: sair da Vila Gaúcha, em Viamão, e dirigir-se até a esquina da Avenida Cristóvão Colombo com a Rua Doutor Timóteo, no bairro Floresta, em Porto Alegre, para vender jornais.
Ele chega ao local antes de o dia clarear, por volta das 5h. Quem o procura para adquirir a edição diária do DG recebe, de brinde, seu sorriso mais aberto e um sincero desejo de bom dia. Há sete anos é assim. Daniel, que sempre trabalhou no mesmo ponto de venda, é conhecido pelos frequentadores da região como Bob Marley – por conta dos dreads que usa no cabelo.
— Gosto muito de onde estou e do que faço. No ponto, me sinto em casa, é um clima familiar. O pessoal que compra o jornal sabe até a data do meu aniversário. Tenho clientes que levarei comigo para o resto da vida, porque virou amizade — conta o jornaleiro, que nem pensa em fazer outra coisa na vida.
Luciana: celebridade no Sarandi
Quem procura no Google Street View — ferramenta de mapa online que mostra imagens da localização em 360° — pelo cruzamento da Avenida Assis Brasil com a Rua Abaeté, no bairro Sarandi, em Porto Alegre, encontra a figura de Luciana Oliveira, 36 anos, parada na esquina das vias. Ali, diariamente, ela faz a ponte entre o Diário Gaúcho e os leitores da região.
Há dois anos trabalhando no local, Luciana já é quase uma celebridade: com direito a registro no mapa. Orgulhosa, a moradora do bairro Maria Regina, em Alvorada, se alegra ao dizer que é querida por todos no ponto de venda. Grávida de seis meses do quinto filho, que receberá o nome de Alessandro, Luciana conta que o bebê já ganhou muitos presentes de quem compra o jornal com ela.
— A gente, que trabalha na rua, parece famoso. Onde eu vou, as pessoas me cumprimentam — brinca a jornaleira, que diz gostar da "fama" da profissão.
Paulo César: amarelo é a cor do amor
É às 5h que a intensa movimentação na Estação Farrapos do Trensurb começa, quando os portões são abertos para receber os usuários do trem. Porém, desde as 4h, Paulo César Barros, 48 anos, já está posicionado na entrada do local. Há 13 anos, o morador do Parque Santa Fé, na zona norte da Capital, veste seu uniforme amarelo e vende o DG para quem passa por ali. Contudo, há 12 anos, a cor solar ganhou um novo significado para ele: o amor.
Isso porque, no fim de mais um turno de trabalho, e acompanhado de um colega também jornaleiro, Paulo foi almoçar em um restaurante próximo ao ponto de venda. Ali, avistou pela primeira vez a auxiliar de serviços gerais Tania Azevedo, 55 anos. Segundo ele, a paixão foi instantânea. Mesmo envergonhado, Paulo foi falar com Tania, que, tempo depois, se tornou sua esposa.
— Fui me apresentar para ela com o uniforme de jornaleiro. Estava meio tímido por isso, mas ela não teve preconceito. Brinco que, até nisso, o jornal me ajudou — diz Paulo, que já comemora 12 anos de relacionamento com a amada.
Produção: Camila Bengo
Confira o vídeo com o depoimento de Daniel, Luciana e Paulo César sobre a experiência de trabalhar como jornaleiros: