Eu implico com algumas palavras, sabe. Deve ser cacoete de quem escreve. Mas tem uma em especial que me incomoda profundamente. Me tira do sério. Me persegue na versão escrita e falada. Se estou ouvindo rádio, eu fujo do intervalo porque é certo que algum locutor vai falar a maldita. E como usam essa palavra em propagandas! A ironia é que vou ser obrigada a escrever ela aqui, senão você não vai entender nada. E não vai poder me ajudar a acabar com essa praga.

Afinal. Pronto, falei. É ela. Ou melhor, ele. O advérbio afinal. Significa finalmente, enfim, por fim. Mas é um jeito metido a besta de dizer isso. Esse advérbio se acha O Cara. Não confunda com a expressão "afinal de contas", que eu simpatizo pelo tom sincerão. Afinal de contas, o que você quer? Afinal de contas, você vai sair ou não desse banheiro? Afinal de contas, você me ama ou não? Também não tenho nada contra "a final". A final do campeonato, por exemplo, é tudo de bom.

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Preguiçoso

Mas voltando ao advérbio que tanto odeio. Quem pega a mania de usar ele fica preguiçoso. É um baita clichê. Um vício de linguagem. Afinal, o que aconteceu com Anitta e Pedro Scooby? Afinal, quem matou Odete Roitman? Afinal, por que as novelas são todas iguais? Afinal, de quem é a voz do Louro José? Afinal, o que pensam as mulheres? Afinal, o que é moda sustentável? Afinal, como se separa o lixo? Afinal, vai chover amanhã? Afinal, o açúcar faz mal? Afinal, de quem é essa caneta?

O que mais me irrita é quando usam essa desgraça em final de texto. A pessoa caprichou nas vogais e consoantes, daí tem a brilhante ideia de concluir seu pensamento adivinha como? Afinal, o Brasil não tem jeito. Afinal, a saúde é importante. Afinal, você merece. Afinal, assim caminha a humanidade. CHEGA! Me ajuda, por favor! Presta atenção por aí. Se você pegar alguém usando essa palavra, diz (com jeitinho) que tem jeito mais criativo de escrever. Por mim, não se fala mais nesse assunto.