Agora que fiz 52 anos, quero tirar da frente o que me incomoda. Senão qual é a vantagem de ficar mais velha? Perdi a paciência com certas bobagens. E essa expressão é uma delas. Você já deve ter lido isso em matérias e entrevistas. Ou escutado alguém falar. Parece até que é fácil ser a melhor versão de si mesma. Muito obrigada, mas eu não quero. Tá bem bom assim. Depois de tanto tempo, estou mais tolerante com meus defeitos. Cá entre nós, é cansativo querer sempre ser melhor.

Não é se acomodar. É se respeitar e se aceitar. Quero ser a melhor amiga de mim mesma, pode ser assim? Crescemos aprendendo que mulher precisa acumular muitas funções. Tem sempre que dar conta de tudo. Pior que a gente dá, mas o desgaste é enorme. Haja saúde pra aguentar. Venho tentando fazer uma coisa de cada vez (nem sempre consigo). Quando tudo é urgente na vida, alguma coisa está bem errada. E se algo está gerando ansiedade, a gente tem que fazer escolhas e baixar o giro.

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Negócio

Sabe por que eu implico tanto com esse negócio de ser a melhor versão de si mesma? É justamente o negócio que tem por trás. A indústria da beleza fatura com as nossas inseguranças. Idem os laboratórios de remédios. Ser a melhor versão de si mesma é quase uma obrigação hoje em dia. E geralmente é uma versão melhor do lado de fora. Mais magra, mais bonita, mais jovem, mais perfeita, o cabelo mais sedoso, a pele mais esticada, o sorriso mais Colgate, a roupa mais desfile de moda. 

Do lado de dentro, a melhor versão de si mesma também pesa. Significa ser mais confiante, mais grata, mais bem sucedida, mais inteligente, mais equilibrada. Mais o que mesmo? Chega de cobranças. Se você acordou hoje se sentindo incapaz e insegura, se já brigou com o espelho de manhã cedo, calma lá. Faz uma listinha com as suas qualidades, deixa os defeitos pra outro dia. Seja mais generosa com você mesma. Homens, tudo isso também vale pra vocês. Bora ser feliz do jeito que dá.