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Alvorada

Sandy: nome de cantora, mas com talento para o xadrez

Aos 15 anos, jovem de Alvorada, que teve o nome inspirado na cantora da dupla Sandy e Junior, conquistou o bicampeonato nos jogos escolares do Estado, além de um campeonato nacional

07/10/2019 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Isadora Neumann / Agencia RBS
Aos 15 anos, ela já acumula 90 medalhas e 26 troféus

A decoração do quarto de Sandy de Castro Lopes, 15 anos, é para orgulhar qualquer família. Penduradas na parede e organizadas sobre uma prateleira, 90 medalhas e 26 troféus atestam a habilidade da garota em um jogo que exige domínio de estratégias, lógica e um punhado de paciência: o xadrez. E o estoque das premiações segue em evolução, sendo renovado constantemente.

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Moradora de Alvorada, na Região Metropolitana, a estudante do Colégio Estadual Erico Veríssimo conquistou mais um reconhecimento na semana passada. Venceu, pelo segundo ano consecutivo, os Jogos Escolares do Rio Grande do Sul (Jergs). A medalha e o troféu de primeiro lugar já fazem parte do hall de premiações instalado no pequeno quarto da campeã, no bairro Nova Alvorada. 

Com a conquista, ela vai disputar os Jogos Escolares da Juventude, etapa nacional da competição, marcada para o próximo mês, em Santa Catarina. Não é uma novidade: no ano passado, ela foi ao Rio Grande do Norte para participar da mesma disputa. Entretanto, a conquista mais importante foi em outro torneio nacional, a Copa Brasil de Xadrez Escolar de 2018. No torneiro, realizado em Brasília, a menina foi a campeã da categoria sub-16 feminina.

Origem da homenagem

Isadora Neumann / Agencia RBS
Mãe é fã de Sandy e Junior, mas pai que sugeriu o nome

De sorriso fácil, voz e movimentos calmos, Sandy confirma que seu nome foi inspirado na cantora que faz dupla com o irmão, Junior. Entretanto, diferentemente da xará cantora, a menina prefere fazer sucesso não no palco, mas sim no tabuleiro. 

Mãe da jovem, a auxiliar de serviços gerais Janete de Castro Lopes, 46 anos, é fã da dupla de irmãos. Mas foi o pai, o porteiro desempregado Lauri Lopes, 57 anos, quem sugeriu a homenagem.

— Além de a minha esposa gostar, eu também sempre admirei a família deles (Sandy e Junior) — recorda Lauri.

Apesar de estarem estabelecidos em Alvorada, a família viveu em outros pontos do Estado. Lauri e Janete são de Frederico Westphalen, no Interior. Trocaram a cidade por Cachoeirinha, na Região Metropolitana, há 24 anos. E, antes de firmarem os pés em Alvorada, há seis anos, passaram um período em outro município interiorano: Panambi. Foi lá que, no primeiro ano de escola, Sandy interessou-se pelo xadrez. 

— O começo de tudo foi em Panambi. Quando viemos para Alvorada, acabei esquecendo. Retomei em 2017, num projeto na Escola (Municipal de Ensino Fundamental) Podalírio Inácio de Barcellos, onde eu estudava. Naquele ano, não pude participar dos Jergs, pois a instituição não estava inscrita na competição — explica Sandy.

O cenário mudou no ano passado. Apesar de o projeto ligado ao xadrez ter sido encerrado na escola, a jovem seguiu treinando e intercedeu junto à instituição para que pudesse participar dos Jergs. A conquista na categoria juvenil foi o reconhecimento de seu empenho. Com a passagem para o Ensino Médio, neste ano, Sandy trocou de escola. Mesmo assim, foi atrás da nova participação no Jergs, em que conquistou o bicampeonato.

Música e treino online

Isadora Neumann / Agencia RBS
Treinos são feitos pela internet

Para justificar o montante de premiações que coleciona, Sandy revela os segredos de seus treinamentos. Diariamente, ela joga por cerca de duas horas. A prática é no computador, desafiando outros enxadristas do mundo todo em um site para praticantes da modalidade. 

Como estuda pela manhã, a garota prefere treinar no fim do dia. O pano de fundo para os treinos é uma trilha sonora recheada de grandes nomes do música pop, apesar de Sandy não ser uma grande fã de música:

— Gosto de ouvir Michael Jackson. Mas é algo para focar no jogo, não chego a prestar tanta atenção nas músicas. E, nas competições, ficamos em silêncio total.

A menina frequenta o Instituto Federal (IFRS) de Alvorada uma vez por semana. Lá, pratica com outros jogadores da equipe formada por escolas públicas estaduais. Segundo ela, os treinos ajudam a memorizar as jogadas. 

— Quando eu vou competir, se treinei bastante, fico tranquila. Sei que vou saber quando e como agir — explica a jovem enxadrista.

Assim como no jogo, peça por peça, Sandy vai montando a estratégia para o futuro. Mesmo com o talento para guiar peões, reis, rainhas, bispos, torres e cavalos por tabuleiros, ela pretende traçar outras linhas:

— Quero ser arquiteta.

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