Saúde
Câmara de Vereadores de Alvorada abre CPI para investigar problemas do hospital da cidade
Reclamações e falta de alternativas por parte de gestora levaram a Câmara a instaurar a comissão. Relatório deve sair em três meses.
A insatisfação dos pacientes diante dos serviços prestados no Hospital de Alvorada chegou até a Câmara de Vereadores da cidade. As constantes reclamações encaminhadas pela população aos vereadores resultaram na abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instaurada na terça-feira. A decisão foi tomada depois de a direção da unidade, que é gerida pelo Instituto de Cardiologia, ter sido convocada para comparecer ao Legislativo e prestar esclarecimentos diante dos relatos que chegaram à Casa.
— Não é a primeira vez. Há dois anos, tivemos essa mesma oitiva. Porém, a direção segue sem apresentar qualquer perspectiva de melhorias diante dos flagrantes problemas – relata o presidente da Câmara de Alvorada, Juliano Marinho (PT), justificando a abertura da CPI.
Conforme o parlamentar, as situações relatadas por usuários vão desde o longo tempo de espera na emergência e negligências nos atendimentos, até a falta de leitos e de profissionais. O hospital é o único do município da Região Metropolitana, que tem mais de 210 mil habitantes, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além da instituição, que é estadual e tem sua gestão terceirizada, a cidade ainda possui um Pronto Atendimento Municipal (PAM-8), que fica na região central e é administrado pela prefeitura.
Durante a CPI, que deve durar três meses, os vereadores pretendem ouvir membros da direção do hospital, da prefeitura, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e usuários que queiram relatar situações vivenciadas durante os atendimentos.
O presidente da Câmara afirma que as sessões serão abertas para que a população possa participar. Três vereadores vão conduzir os trabalhos — eles vão assumir as funções de presidente, relator e membro — e montar o cronograma de trabalho. Ao fim do período, o relator da CPI apresenta um relatório da investigação.
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— É um assunto de muito interesse da comunidade que depende do hospital, vamos acompanhar os desdobramentos de perto — garante Juliano.
Espera
O DG esteve na quinta-feira (31) no Hospital de Alvorada. Em frente ao local, várias pessoas aguardavam por atendimento próprio ou de acompanhantes. A sala de espera da emergência não é tão ampla, por isso, algumas pessoas ficam na rua. Durante a visita da reportagem, vários pacientes abordaram a equipe para reclamar da demora no atendimento.
O segurança Jorge Ferreira, 50 anos, esperava atendimento para a filha, que teve uma interrupção na gestação de dois meses.
— Ela veio ontem (quarta-feira), deram medicação e mandaram voltar hoje (quinta). Mas, agora, está desde as 6h esperando – relatou ele, por volta das 12h30min.
A auxiliar de serviços gerais desempregada Zélia Bittencourt, 50 anos, trouxe a mãe, Lila, 81 anos, ao local. Segundo ela, foi um dia de exceção:
— Chamaram ela relativamente rápido, mas na maioria dos dias é muito demorado.
Para a doméstica Marília David, 47 anos, além da demora, outro problema é a sujeira. Os arredores do hospital apresentam falta de manutenção, com mato crescendo numa praça que fica no pátio da instituição. Além disso, vários cães de rua vivem na área.
— Já vi os cachorros a noite dentro da espera da emergência, deitados ali. Esse serviço precisa melhorar — critica Marília.
Encontro nesta sexta
Por meio de nota, a Fundação Universitária de Cardiologia, gestora do Hospital de Alvorada, informou que foi agendada para esta sexta-feira (1º), às 11h, uma reunião entre as diretorias da fundação e do hospital. No encontro, “será feito um levantamento sobre o atendimento, com o objetivo de avaliar as demandas apresentadas durante a sessão na Câmara de Vereadores”.
O comunicado salienta que serão identificadas as fragilidades na área de assistência e discutidas as providências que podem ser tomadas.
Procurada, a SMS de Alvorada explicou que recebe reclamações do hospital e as encaminha ao Estado, que é o responsável pela unidade. A última reunião entre o município, a direção do hospital e a 2ª Coordenadoria Estadual de Saúde foi no dia 23, quando a SMS repassou as demandas que chegam aos canais da prefeitura.
Como reclamar
/// A ouvidoria estadual atende no telefone 0800-645-0644.
/// A ouvidoria do SUS atende no número 136.
/// O contato com a SMS de Alvorada é pelo telefone (51) 3411-8020.
/// O Conselho Gestor do Hospital de Alvorada reúne-se mensalmente em sessões abertas ao público.