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Projeto Kizombinha

Em oficinas gratuitas, crianças aprendem a tocar instrumentos ligados a religiões de matriz africana

Ideia da iniciativa é disseminar o conhecimento religioso

20/11/2019 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Jefferson Botega / Agencia RBS
Conhecimento é repassado por meio da oralidade

Um dos desafios para que as religiões de matriz africana se mantenham é a disseminação do conhecimento. Isso porque, diferentemente de outras crenças, não há uma bíblia ou “manual” que guie os passos dentro daquela comunidade. Quem explica isso é Israel Ávila, 36 anos, criador do projeto Kizomba, dedicado a fomentar e divulgar esta cultura. Segundo ele, o maior instrumento destas religiões é a oralidade. Ou seja, é falando uns com os outros que os praticantes levam o conhecimento adiante. 

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Isso também funciona para o domínio dos instrumentos musicais que são usados durante os encontros. São três: tambor, agê e agogô. 

E para que esta arte siga viva, um braço infantil do Kizomba foi criado. Há cerca de três meses, crianças de seis a 12 anos aprendem, gratuitamente, em seis núcleos espalhados pelo Estado, como tocá-los.

A partir do próximo sábado, dia 23, um novo ciclo se inicia, com a abertura ao público do projeto Kizombinha. Até lá, as inscrições para participar das aulas seguem abertas. 

Informal

As aulas começaram informalmente, com alabês – nome dado ao músico que toca o tambor – levando crianças de suas famílias para os encontros. Israel faz registros das exibições e publica nas redes sociais do projeto Kizomba – só no Facebook são mais de 140 mil seguidores. Com isso, mais interessados surgiram. Então, veio a ideia de abrir a iniciativa para outras crianças. 

Jefferson Botega / Agencia RBS
Aulas iniciaram de maneira informal, com parentes dos alabês

A inscrição pode ser feita diretamente nos núcleos (veja abaixo) ou por telefone. As aulas ocorrem quinzenalmente, aos sábados.

Para quem tem a oportunidade de ensinar, o Kizombinha está sendo bem recebido. Alabê há 13 anos, o tatuador Yan Santana, 21 anos, diz que o trabalho com as crianças não se limita apenas à prática com os instrumentos, mas também alcança domínio de costumes específicos do batuque, que é a religião de matriz africana nascida no Rio Grande do Sul. 

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– Existem pequenas diferenças. Por exemplo, no batuque, tocamos os instrumentos descalços, enquanto no candomblé a pessoa pode usar calçados. Enfim, além da prática, entramos também com um pouco de teoria – explica Yan.

Jefferson Botega / Agencia RBS
Yasmin, sete anos, começará oficialmente as aulas no próximo sábado

Como todo o trabalho é feito de forma voluntária, o projeto Kizomba também depende de doações para custear algumas partes da iniciativa, como uniformes e os lanches servidos para as crianças em cada encontro.

– Todo tipo de ajuda é bem-vinda – relata Israel.

Pequenos aprovam a ideia

Protagonistas, os alunos adoram a ideia de aprender mais sobre o batuque. Além deles, os pais também aprovaram a iniciativa. Mãe da pequena Yasmin Moura, sete anos, a técnica em enfermagem Angelita Moura, 30 anos, conta que o aprendizado da filha era mais espelhado no pai, que também toca os instrumentos. Agora, com os aulas, ela ainda tem a companhia de outros jovens. 

– Ela vai entrar nessa nova turma que começa dia 23. Acredito que é uma iniciativa importante para manter a cultura e passá-la para outras gerações – aponta Angelita.

Jefferson Botega / Agencia RBS

Para o garoto Erick Martins, 11 anos, o tambor já está na rotina desde cedo. Aos quatro anos, ele ganhou um instrumento de Natal. Desde então, aprendia na companhia de parentes a executar as canções. Agora, está empolgado com a oportunidade de fazer novos amigos e aperfeiçoar seus conhecimentos sobre a religião. 

– Achei a ideia muito interessante. Quero aprender cada vez mais – projeta Erick. 

Quer participar?

Como se inscrever

/// O contato pode ser feito via ligação ou WhatsApp pelo (51) 99137-2097.

/// Para ajudar o projeto Kizomba, entre em contato pelo mesmo telefone. 

/// As inscrições presenciais podem ser feitas nos núcleos espalhados pelo Estado até sábado, dia 23.

/// As crianças interessadas não precisam frequentar religião de matriz africana, basta interesse em aprender. 

/// Podem participar crianças dos seis aos 12 anos. É preciso estar matriculado na escola e frequentar as aulas.

/// Não é necessário possuir os instrumentos. 

Núcleos Kizomba

/// Porto Alegre: Avenida Gomes de Carvalho, 611, bairro Passo das Pedras, e Rua Joaquim Norberto, 75, bairro Partenon.

/// Viamão: Avenida Walter Jobim, 369, bairro Santa Isabel.

/// Canoas: Rua Ernesto da Silva Rocha, 1.934, bairro Estância Velha.

/// Rio Grande: Rua Roberto Socoowski, 195, bairro São Miguel.

/// São Gabriel: Rua Sinhá Abott, 174, bairro Santo Antônio.



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