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Com mais de cem pessoas

Família Souza da Silva, de Guaíba, realiza neste sábado quinto encontro de gerações  

Evento vai reunir membros de diversas regiões do Estado

23/11/2019 - 05h00min


Jéssica Britto
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Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
No baú de memórias, revela-se uma origem digna de novela

Da curiosidade dos netos em conhecer mais sobre as origens, a família Souza da Silva, de Guaíba, passou a revirar o baú de fotos e das memórias. Desde 2015, uma vez por ano, os descendentes de Dorvídio Corrêa da Silva (1900-1971) e Celina Souza da Silva (1914-1972) se reúnem na cidade para relembrar fatos e memórias da família. Neste sábado, a partir das 20h, no Club Itapuí, ocorrerá mais um encontro, que deve receber mais de cem pessoas de diversas regiões do Estado.

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Dorvídio era natural de Encruzilhada do Sul e Celina, de Barra do Ribeiro. Ela, descendente de italianos, ele, de escravos. Anos mais tarde, a família de Celina se mudou para Guaíba, onde mantinham uma pensão. Foi lá que o casal se conheceu, pois Dorvídio costumava almoçar no local durante as passagens para trabalho no município. 

O namoro, no entanto, não se desenrolou facilmente. As diferenças de idade – 14 anos – e de raça eram vistas como impeditivos. Segundo relatam familiares, nem os parentes nem a sociedade viam o namoro com bons olhos.

– Mas eles insistiram no namoro. Em uma das viagens dele, a família da minha mãe tentou arrumar outro namorado para ela, mas não adiantou. Como não conseguiriam viver na cidade, eles foram morar em Encruzilhada. Mas chegando lá, enfrentaram também o preconceito da família dele – contam os filhos do casal Laurita, 69 anos, José Lídio, 78 anos, e Lili, 83 anos.

Amor e união

Da união singela em 1930, sem grandes celebrações, nasceu uma história de amor que durou 43 anos e 10 filhos: Lolita (falecida), Loídes, Lili, Antônio (falecido), José Lídio, Adaltro, Breno (falecido), Solon (falecido), Laurita e Maria Leni. Após o nascimento dos três primeiros filhos, o casal retornou para Guaíba. 

Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Celina e Dorvídio

Ele era turmeiro (pessoa que organizava turmas para trabalhar na colheita), ela era dona de casa. A família cresceu no Centro. Mesmo com todas as dificuldades, sempre foi muito unida. 

– Muito dos valores que aprendemos sobre o que é correto foi com nosso pai. E a nossa mãe pequenininha (tinha 1,48m) crescia quando alguém mexia com algum dos filhos. Sofríamos preconceito por sermos negros, mas, naquela época, a gente nem percebia. Mas quando alguém fazia algo contra a gente na escola, por exemplo, ela tirava o lenço que usava no cabelo, colocava um sapato e corria para lá nos defender – lembram os filhos.

A cada edição, uma novidade

Dorvídio faleceu em 1971 e Celina, menos de um ano depois. Com a ideia de manter os laços, a família, hoje com 139 descendentes, organizou o primeiro encontro em 2015. Chamado de “Festa do Retrato”, a proposta era que todos reunissem as fotos antigas que tinham para olhar e trocar informações.

– Fizemos totens com as fotos de cada família e seus descendentes, assim como uma árvore genealógica – conta o neto Ricardo Freitas, 56 anos.

Todo ano, os organizadores da festa procuram lançar uma novidade. Em uma das edições, a celebração marcou a colocação da placa de rua, em Guaíba, com o nome de Dorvídio. Em outros anos, um selo comemorativo foi distribuído, em edição limitada, pelos Correios, assim como um brasão da família foi desenvolvido. Este ano, um concurso na família foi lançado para a confecção de uma bandeira. O vencedor foi o bisneto do casal Igor Santos de Brum, 27 anos.


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