Coluna da Maga
Magali Moraes e o Sorobô, o cardápio do improviso
Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Já que hoje é dia de receita do leitor aqui no DG, resolvi participar. Também sou leitora do jornal, ué. Ao contrário de vocês, que enviam as receitas pra serem escolhidas, eu pulei essa parte. A minha não teria a menor chance de ser selecionada (nem fotografada). Sorobô é uma delícia, mas depende da fome. E nem sempre é fotogênico. Tem nome de comida japonesa que é pra enganar a torcida. Sorobô _ também conhecido como O Que Sobrou _, improviso e jogo de cintura.
Essa receita é tão especial que começa pelo modo de preparo: abra a geladeira, recolha todos os potinhos, tire as tampas e tenha alguma ideia de como aproveitar aquilo. Não se bota comida no lixo. Mas também ficar comendo a mesma massa por quatro dias seguidos é de entediar o paladar. Ainda bem que o Sorobô aceita ingredientes vindos de fora dos potinhos. Um ovo frito misturado. O molho extra que dá um jeito na carne já ressecada. Uma fritada com cebola pra acentuar o sabor.
Anteontem
O que eu mais gosto do Sorobô é que ele estimula a criatividade (com sorte, as papilas gustativas). Dá pra inventar o que quiser. Pense que o prato vazio é uma tela em branco. A salsicha que tá desde a inauguração na geladeira é o vermelho. O resto do feijão que não ata nem desata é o preto. A moranga que desandou pra sopa é o laranja. A espiga de milho, que deveria pagar aluguel pelo espaço que ocupa, é o amarelo. Esqueça os pincéis. No Sorobô, a magia acontece com os talheres.
O Sorobô também funciona como prato único em qualquer refeição. Sabe aquela fatia de pizza que sobrou? Vai fria mesmo! A janta de ontem (ou anteontem) se transforma no café da manhã. Preparar o Sorobô é economia. E precisa de parceria. Quem reclamar tem duas opções: ir pro fogão cozinhar do zero ou dormir de barriga vazia. Até restaurante tem Sorobô. Sabe o croquete disfarçado de novidade? O bolinho de arroz? Não julgue. Copie essas ideias pra fazer em casa o melhor Sorobô de todos.