Papo Reto
Manoel Soares: "Algumas pessoas, por mais amor que tenham, podem fazer mal"
Colunista escreve aos finais de semana no Diário Gaúcho
Tão importante como ter um amor é a qualidade do amor que temos e damos. Isso é puxado, porque não existe uma tabela para nos dizer o que é o amor ideal. Mas quem tem mais de 40 anos viveu o suficiente para perceber que algumas pessoas, por mais amor que tenham, podem fazer mal.
Esses são os famosos amores tóxicos, e não precisa ser somente o amor sexual. Algumas mães sufocam os filhos com um amor superprotetor. Alguns filhos fazem das mães reféns, exigindo delas um amor incondicional que só gera dor. Amor não deve doer. Se nos faz chorar com frequência, é porque ficou tóxico e precisa ser repensado.
Bom ou ruim
Algumas pessoas acham que amor bom é o que dura mais, mas, na verdade, o amor bom é aquele que dura o tempo da felicidade. Se a felicidade acabou, é porque o amor foi embora e as roupas dele ficaram sendo usadas por outros sentimentos que não chegam nem perto da nobreza que ele trás. O amor não bate, não grita, não ofende, não manipula, não irrita.
A questão é que a maioria de nós tem medo da solidão. Mas estar sozinho não quer dizer que sejamos solitários. Muita gente está casada e se sente só, enquanto outras não estão comprometidas e estão muito bem acompanhadas. Uma das características do amor tóxico é fazer suas vítimas acreditarem que não podem viver sozinhas.
Nós, homens, além de sermos os maiores opressores das mulheres neste sentido, também não sabemos fugir das ciladas de repressão tóxica que impomos a nós mesmos. Nos obrigamos a viver relações fúteis alegando masculinidade, mas, na verdade, sentimos todo o amargo dos sentimentos ruins. Saber dizer “acabou” para os amores ruins é sinal de maturidade, mas exige coragem.