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Aviões com brasileiros resgatados de Wuhan após surto de coronavírus chegam a Goiás

Grupo  ficará em quarentena na Base Aérea de Anápolis

10/02/2020 - 08h39min


Débora Cademartori
Débora Cademartori
De Anápolis, Goiás
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Pedro Ladeira / Folhapress
Usando máscaras e carregando objetos pessoais em mochilas, os repatriados embarcaram em ônibus da Força Aérea Brasileira

Depois de cerca de 37 horas de viagem, o primeiro avião Embraer 190 da Presidência da República pousou às 6h06min deste domingo (9) em Anápolis, em Goiás, trazendo 34 brasileiros que saíram de Wuhan, na China, devido ao temor pelo surto de coronavírus na região. Minutos depois, às 6h11min, a segunda aeronave tocou o solo anapolino. Os repatriados serão colocados, a partir de agora, em quarentena de 18 dias na área do hotel de trânsito da Força Aérea Brasileira (FAB), dentro da base. Nenhum passageiro embarcou com qualquer tipo de sintoma que possa indicar coronavírus. O resgate ocorreu a pedido do grupo que morava na região, que também está em quarentena por determinação do governo local. Não é permito sair nem entrar em Wuhan.

As aeronaves deixaram a cidade chinesa às 16h55min de sexta-feira (7) e fizeram escalas em Urumqui (China), Varsóvia (Polônia) e Las Palmas (Espanha), chegando ao espaço aéreo brasileiro às 23h40min, parando para reabastecimento em Fortaleza (CE). Chineses e poloneses pegaram carona com os aviões e desceram antes do previsto, em Varsóvia. A operação foi colocada em prática na quarta-feira (5), quando saíram de base aérea de Brasília rumo à China.

Usando máscaras e carregando objetos pessoais em mochilas, os repatriados embarcaram em ônibus da Força Aérea Brasileira assim que chegaram, rumando a seus quartos instalados na área da base de Anápolis, no hotel de passagem da corporação. Durante o período em que ficarem em quarentena, o grupo passará por exames três vezes ao dia. Serão feitas análises da temperatura corporal e ausculta pulmonar.

Os dois primeiros passageiros que desceram da primeira aeronave balançavam uma bandeira do Brasil e acenavam para jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas que registravam o momento. Nenhum ministro ou autoridade do primeiro escalão do Palácio do Planalto acompanhava o desembarque.

Débora Cademartori / Agência RBS
Durante o período em que ficarem em quarentena, o grupo passará por exames três vezes ao dia

O hotel de trânsito e uma área verde, com 900 metros quadrados ao todo, abrigará as pessoas em cerca de 30 quartos duplos e individuais equipados com cama, televisão, armários e banheiro privativo. Os corredores do hotel são ao ar livre, sem teto. Também foram providenciados quartos com berços para famílias com bebês. No local, que se assemelha a um hotel convencional, há cozinha industrial, lavanderia e um espaço aberto para lazer, o que inclui mostra de filmes em um auditório ao ar livre e camas elásticas para crianças. Uma pequena enfermaria foi montada para tratar problemas leves de saúde. A área externa é delimitada com bandeiras e gradis para que ninguém fora do staff entre no perímetro da quarentena.


Os 14 médicos da Aeronáutica e do Ministério da Saúde, oito tripulantes e dois profissionais de comunicação do governo que estão participando do resgate passarão por avaliação de risco na chegada. Apenas a partir desses exames será decidido se eles também permanecerão em quarentena. Assim que os aviões pousaram, uma equipe de militares equipada com roupas amarelas de proteção contra doenças ingressou nas aeronaves para esterilizar os assentos, corredores e outros equipamentos. Elas serão devolvidas para uso da Presidência da República a fim de transportar autoridades do governo federal. Os meios de transporte são os reservas do Airbus usado pelo presidente Jair Bolsonaro para realizar viagens domésticas e internacionais. A limpeza também foi realizada no interior dos ônibus.

— O primeiro dia deles é um momento de acomodação. Eles farão o primeiro exame nos seus aposentos e, após isso, vão repousar e ajustar o jetleg, depois dessa jornada longa cansativa. No final do dia, depois de se alimentarem, quando entendermos que o momento seja bom, haverá uma apresentaçãodas regras de convivência, horário de alimentação e as possibilidades que eles têm dentro da área — afirmou o coordenador da operação, tentente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno.

Caso os repatriados que estavam em Wuhan não apresentem sintomas no meio do período da quarentena, será avaliada a liberação deles antes do previsto. Depois de terminado o período, eles viajarão para diversos Estados. Dos 34, três diplomatas retornam a Pequim, 11 irão para São Paulo, cinco para Brasília, quatro para o Paraná, quatro para Santa Catarina, quatro para Minas Gerais, um para o Rio Grande do Norte, um para o Pará e outra viajará para o Maranhão. O transporte dessas pessoas após a quarentena deve ser custeado pelos próprios brasileiros. O governo federal não informou o valor total da operação de resgate. Embora tenha sofrido atrasos em parte das escalas dos voos, a operação, intitulada Regresso à Pátria Amada, foi um “sucesso”, de acordo com as autoridades federais.


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