Papo Reto
Manoel Soares: "Com o tempo, distorcemos aquilo que deveria ser anormal aos nossos olhos"
Colunista escreve nas edições de final de semana do Diário Gaúcho
O que define o nosso grau de humanidade é aquilo que consideramos normal ou anormal. Ver um cavalo voando no céu de Porto Alegre ou de qualquer outra cidade do Rio Grande do Sul é anormal. Muitos se espantariam e tentariam fazer vídeos para postar nas redes.
Esse reconhecimento daquilo que faz parte da normalidade é o que nos define enquanto seres humanos. Porém, muitos de nós, com tempo, distorcemos aquilo que deveria ser anormal aos nossos olhos.
Ver uma criança na rua sem ter o que comer e isso não estragar o nosso dia faz parte das anormalidades que hoje se incorporam em nossa rotina. Compreendo aqueles que tentam anestesiar o seu coração para que não sintam essa dor profunda da desigualdade. No entanto, acredito que, a cada vez que nos anestesiamos, também morremos um pouco.
Precisamos dessa dor para entendermos que estamos vivos como seres humanos e que somos pessoas com sentimentos que vão além do nosso próprio umbigo. As chuvas, que volta e meia castigam Porto Alegre e a Região Metropolitana, são bons testes.