Coronavírus
As precauções necessárias no uso e na limpeza de locais compartilhados
Tanto funcionários de setores de limpeza quanto usuários de locais públicos devem ficar atentos para evitar a disseminação da covid-19, doença causada pelo coronavírus
Assim como aqueles que ainda precisam continuar circulando pela cidade para chegar ao trabalho, há quem necessite manter os locais de uso comum limpos, evitando a disseminação do coronavírus. Como Porto Alegre já registrou transmissão comunitária — quando não é mais possível identificar a origem da doença —, os cuidados precisam ser redobrados.
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Nesta semana, por exemplo, a prefeitura fez operações de limpeza nas paradas de ônibus mais movimentadas da Capital. Ações em outros locais, não públicos, mas de uso coletivo, foram determinadas por decretos emitidos pelo Executivo nos últimos dias. O fechamento de lojas não essenciais nos shoppings, por exemplo, é uma destas medidas. Nas ruas, evitar o toque em grades, corrimãos e outros itens do mobiliário urbano são algumas das dicas da prefeitura.
Em locais não públicos, mas de uso coletivo, providências também têm sido tomadas, mas a aglomeração preocupa. Supermercados, farmácias e bancos — que estão entre os poucos locais que ainda podem permanecer abertos nos shoppings, por exemplo — até tentam limitar o número de pessoas no lado de dentro. Mas, daí, as filas se formam na rua, com pessoas muito próximas umas das outras.
No interior dos locais, melhorias na higienização são uma das tentativas de passar mais segurança aos clientes. Porém, funcionários pode se sentir inseguros com a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) — principalmente, máscaras e luvas.
Falsa sensação
Entretanto, o infectologista André Luiz Machado, do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), garante que o uso desnecessário de alguns itens pode até aumentar o risco de contágio. Para o especialista, no caso de locais de atendimento ao público, como supermercados e farmácias, é mais importante manter as superfícies higienizadas, a distância de 1,5m para os clientes e, o principal: não levar aos mãos ao rosto e, claro, lavá-las com frequência — ou fazer uso do álcool gel.
— Luvas e máscaras podem passar uma falsa sensação de proteção, aí a pessoa não faz o procedimento correto para retirar a máscara e acaba se contaminando. O melhor é fazer uso de álcool 70% nas superfícies, como balcões, mesas, cadeiras — adverte André.
Para frequentar os locais, as dicas são as mesmas, garante o infectologista. Mesmo quem utiliza, por exemplo, os banheiros públicos — nem sempre muito limpos — deve preocupar-se mais com a higienização das mãos do que qualquer outra coisa.
— Depois de ir ao banheiro, normalmente, lavamos as mãos. Então, é manter o costume, evitando o contato desnecessário com o rosto, sempre.
Um ponto também ressaltado pelo especialista está relacionado à constância do uso de álcool gel nas mãos. Conforme o infectologista, há um momento em que o produto deve ser intercalado pela higienização com água e sabão. Isso porque, depois de cerca de 10 usos, o álcool gel acaba formando uma película nas mãos, e o potencial de desinfecção diminui:
— Água e sabão são os melhores aliados, não podem ser deixados de lado, nunca.
Reforço nos locais públicos
Conforme a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, todos os prestadores de serviço foram notificados e orientados com relação às medidas decretadas pela prefeitura para auxiliar na prevenção ao coronavírus.
Na sexta-feira (20), a reportagem circulou pelas ruas e viu alguns trabalhadores seguindo normalmente com a rotina. No Centro Histórico, por exemplo, uma dupla se revezava nos cuidados com os sanitários do Terminal Parobé. Os banheiros do local ficam no subsolo — a exceção é o toalete para pessoas com deficiência (PCDs), que fica no nível da plataforma de embarque.
Quem cuida dos espaços na parte de baixo é Edite de Assis Fagundes, 47 anos. No momento da visita da reportagem, o único EPI usado por ela eram luvas, que já fazem parte da rotina há bastante tempo.
— Queria que tivesse ao menos um álcool gel para higienizarmos as mãos, mas não foi entregue nada — conta ela.
Seu companheiro de trabalho é André Kuhn, 55 anos. Ele faz a higienização no banheiros para PCDs, mas também entrega pequenos pedaços de papel higiênico para quem vai utilizar os banheiros.
— Lidamos diretamente com o público, então, acho que devíamos estar mais protegidos, pensando na nossa segurança — acredita André.
Importância da higienização
O infectologista do Hospital Conceição tranquiliza os trabalhadores. Assim como em outros setores do atendimento ao público, ele ressalta que os passos mais importantes são o distanciamento, a higienização das mãos e evitar o toque no rosto.
— O vírus pode ficar até no papel higiênico, por exemplo, no caso de uma pessoa passando para outra. Mas, não há relato ou possibilidade de contaminação via vagina ou ânus por meio do papel. Por isso, o cuidado que se deve ter é o de fazer a adequada higienização das mãos — explica o infectologista André Machado.
Em nota, a SMSUrb diz que a área de fiscalização de contratos está atenta a possíveis não cumprimentos dos decretos da prefeitura, por parte das empresas terceirizadas que prestam serviços ao município. O comunicado também ressalta que denúncias podem ser encaminhadas pelo telefone via 156 ou pelo aplicativo Eu Faço POA.