Acho que elas estão se adaptando bem. Há pouco vi duas folhinhas abrindo, isso é um ótimo sinal! Me tranquilizou, sabe? Pelo menos por enquanto. Temos só uma semana de convívio, não dá pra cantar vitória. Eu realmente quero que essas plantas se sintam em casa e sejam parte da família. Dividimos o mesmo espaço. Elas decoram, alegram, trazem vida e me testam dia após dia: "Ei, humana... Você é capaz de cuidar bem de mim? De me dar água direitinho? De conversar comigo?"

Não tenho certeza, meu passado me condena. Cuidar de gente é mais fácil do que de plantas. Peraí. Eu mesma não me dou a quantidade ideal de água. Vivo de boca seca, e não vou até o filtro. Esses dias, enchi um copo d'água. O coitado ficou horas me esperando na cozinha. Como vou adivinhar a sede das plantas se nem sei a minha? Coloca o dedo na terra e sente, disse a moça da floricultura. É muito relativo! A borda do vaso pode estar seca e no meio, úmida. Qual é o limite aceito de secura?

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Ventos 

E tem a luminosidade, o sol direto, o vento. Moro em andar alto, às vezes parece o morro dos ventos uivantes. A gente acostuma, mas e as plantas? O que já quebrou de enfeite quando a janela fica aberta! Imagina o vendaval nos galhos e folhas. Os novos moradores são duas jiboias, outra que esqueci o nome e um cacto. Esse é o que menos me preocupa. Cactos sobrevivem no deserto, na minha casa não pode ser pior. As jiboias passam bem. E aquela sem identificação? Tão fofa.

Vou contar meu pesadelo. Antes dessa turma chegar, eu matei uma samambaia. Foi sem querer, juro. Ela veio tão linda e saiu daqui um fiapo. Toda esgualepada. Que espécie de dona de casa eu sou? Uma serial killer de folhagens! Vou acabar logo essa coluna pra ir lá conversar com elas. Perguntar se estão precisando de alguma coisa, oferecer um pouco de água. Afff. Tenho que fazer o teste do dedo. Será que funciona com palito de dentes, como se faz com bolo no forno? Me deseje boa sorte.