Coluna da Maga
Magali Moraes e um março histórico
Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Eu tinha pensado em escrever sobre o aniversário de Porto Alegre ontem, mas todos os assuntos me levam de volta pra esse momento atípico da quarentena. Nem os aniversariantes estão podendo comemorar direito. Os abraços e presentes foram adiados, que tenha bolo e vela guardada pra assoprar. Esse março de 2020 já entrou pra história. Daqui a um longo tempo, ainda vamos lembrar de como um vírus bagunçou nossas vidas e nos tirou da zona de conforto, apesar de estarmos em casa.
Eu poderia escrever vários livros, e tomara que escritores estejam agora fazendo isso. Eu começaria com um guia de sobrevivência em plena guerra biológica. Não! Bem capaz dar mais espaço pro coroninha. Prefiro me imaginar usando esse tempo livre (inexistente) pra escrever um diário do home office. Já publiquei o Diário De Uma Demitida, daria uma bela continuação. Trabalhar de casa é um sonho idealizado, o que nos ferra é o acúmulo de funções e essa tensão toda da quarentena.
Saudade
O que lembraremos desse março histórico? Que a gente sentia saudade dos parentes!! Que paramos de abraçar, e foi um gesto de amor. Também lembraremos das coisas simples que deixamos de fazer: caminhar livremente na rua, conversar no elevador, alguém espirrar e a gente dizer saúde (sem sair correndo de perto). Não vou esquecer minhas pequenas vitórias, como acertar o arroz. E do quanto lutei pra segurar a ansiedade: um sentimento cheio de braços que sufocam e de pernas que paralisam.
Quando esse março for apenas uma lembrança distante, vou contar pros meus netos como as pessoas se uniram mais. E que todo mundo dava muitas ideias de como passar o tempo (vovó Maga confessará que não teve saco de fazer nada disso, só queria uns minutos de folga). Não sabemos ainda como vai ser abril e maio, se em junho ou julho a vida já terá normalizado. Dizem que é setembro. Que seja no máximo em agosto, pra ninguém mais chamar de mês do desgosto. Tchau, março. Desculpa aí.