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Lá em Casa

Cris Silva: "A quarentena e os acidentes domésticos"

Colunista escreve sobre maternidade e família todas as sextas-feiras

10/04/2020 - 12h55min


Foto: Arte DG
Cris no DG

Acredito que a gente não precisa estar em quarentena para ficar alerta sobre os perigos e as armadilhas da nossa própria residência. O fato é que, como estamos muito mais tempo dentro de casa, aumenta o risco para incidentes, ainda mais quando tem crianças vivendo nela.

Aqui em casa, estou fazendo uma ginástica para me virar nos 30 e dar conta do trabalho. Estou em home office, fazendo o programa da Rádio 92 direto daqui, e escrevo as minhas colunas para o DG daqui de casa, também. Eu e meu marido nos revezamos, e é assim que vamos lidando com as 24 horas do dia. 

Não é fácil, é desgastante, mas não tem outra forma de encarar as coisas. 

Matheus tem dois anos e não para. Não é aconselhável deixá-lo direto na frente da televisão (seria bem mais fácil para mim, mas bem menos saudável para ele), então, precisamos usar a criatividade: jogar bola, colocar água nas plantas, brincar de massinha de modelar, de carrinho e, agora, a mais nova paixão são os “obstáculos”. 

Nada mais é do que algumas almofadas no chão, uma escada para ele subir e pular no sofá, passar por baixo da mesa e o que mais a minha imaginação permitir criar. Ele está numa fase em que precisa e quer gastar energia, e, dentro de casa, não tem muito para onde correr, literalmente. Então, eu invento.

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E é justamente nesse período de quarentena, de muitas crianças em casa “inventando mil maneiras de brincar e gastar energia”, que a Sociedade Brasileira de Pediatria elaborou um documento para evitar acidentes domésticos. Eu fiquei chocada com a informação, mas, acreditem: os acidentes domésticos representam a principal causa de óbitos de crianças de um a 14 anos no Brasil.

Idades x perigos

Para crianças menores, as estratégias de proteção podem ser passivas, isto é, utilizando componentes de segurança instalados em locais de risco, como os portões para impedir acesso às escadas. Já para as crianças maiores e adolescentes, são necessárias também as medidas ativas, como o uso de colete salva-vidas em atividades aquáticas, utilização de equipamentos de segurança adequados ao andar de bicicleta e skate, entre outros.

Do nascimento até o quarto mês de vida, o bebê é totalmente dependente do adulto e, no geral, os acidentes estão associados a algum descuido ou distração do responsável. O texto publicado faz o alerta: “O uso cada vez maior do celular e de outras telas pelos adultos tem sido causa de muita desatenção e, em consequência, de muitos acidentes, pois essas distrações deixam o bebê totalmente desprotegido”.

Tárlis Schneider / Agencia RBS
Até as cobertas usadas no berço devem ser ponto de atenção

Fique atento

O documento faz várias considerações importantes para evitar acidentes como queimaduras, quedas, afogamentos, atropelamentos e até casos de sufocamento. Aqui vão algumas dicas:

/// Não cozinhe com o bebê no colo. Fogão e criança não combinam.

/// A cozinha é o lugar de maior risco para queimaduras e outros acidentes domésticos. Deve ser proibida para a criança, e seu acesso, impedido por portão. Na impossibilidade, é mais prudente sempre usar as bocas de trás do fogão.

/// Evite que o bebê tenha contato com brinquedos ou objetos pesados.

/// Nunca deixe uma criança cuidando de outra criança.

/// Nunca deixe seu bebê sozinho na banheira. Uma pequena porção de água, de 2,5cm de altura, é suficiente para causar afogamentos.

/// Quando o bebê começa a controlar seus movimentos e aprende a sentar, um reflexo de hiperextensão posterior fará com que ele se jogue para trás, com risco de bater a cabeça no chão. Por isso, o uso de almofadas e a presença do adulto cuidador são fundamentais.

/// O andador não deve ser usado, nunca, em nenhuma idade.

/// Com o avançar da idade, os brinquedos de locomoção vão se transformando e, seja de bicicleta, patinetes ou skate, os equipamentos de segurança devem ser condição para o uso.

/// A maioria dos atropelamentos acontece perto da casa ou escola. Por isso, antes dos 12 anos, a criança não deve andar desacompanhada mesmo em locais próximos.

/// No carrinho ou berço, use cobertas proporcionais ao tamanho do bebê. Nunca use mantas de tecidos pesados ou maiores que o tamanho do berço.

/// Teste os brinquedos e verifique que não soltem peças pequenas, pois o bebê poderá aspirá-las e sufocar.

Peróla

Meu marido estava em home office, e nossa filha começou a falar alto.
– Filha, fale baixo que o papai está em reunião.
Depois de uns 15 minutos, eu esqueci e comecei a falar alto também.
– Mamãe, fale baixo que o papai está com o Rei Leão.
Lorena, três anos



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