É um bom teste de coragem: você tá entrando no chuveiro, já abriu a porta do box e... falta luz. Bem na hora! Ainda dá tempo de desistir. É só dar um passo pra trás, se enrolar na toalha ou vestir de novo a roupa jogada no chão. Você não se molhou, e isso é um ponto a seu favor. Sabe-se lá quando a luz vai voltar. Daí vem aquele dilema: enforcar o banho ou encarar a água gelada? Tomar banho de gato na pia? Apelar pro banho de caneca? Que trabalheira esquentar uma chaleira e temperar a água do balde.

Agora pensa num agravante. Você acabou de fazer atividade física. Academia, corrida, faxina, tanto faz. O cabelo grudou na testa. A roupa colou de suor. O desodorante venceu faz tempo. Seu estado é lastimável. Tudo o que você queria era a dignidade de um banho. Água tem, só que tá gelada feito o Polo Norte. Um pinguim pensaria duas vezes, mas ele não sabe o que é cheirar o próprio sovaco e quase desmaiar. Você não se decide. Pelado e congelado? Ou bota perfume pra disfarçar? 

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Risada

Os corajosos enfrentam o banho gelado e, se bobear, dão risada da situação. As gotas saem do chuveiro viradas em granizo machucando a pele. O sabonete congela em contato com a água. Medo de lavar o cabelo e o cérebro congelar. Um corajoso real oficial se ensaboa por completo e segue a vida. Capaz até de cantarolar. Matar banho está fora de cogitação. Fica pra amanhã o banhozinho morno pra relaxar. A higiene é maior, ele jamais será chamado de relaxado. Consciência limpa!

E quando falta luz no meio do banho?! A água quentinha gela de repente. O cabelo tá ensaboado. E você esqueceu de pegar a toalha no varal! Bota azar nisso. Outra sacanagem é enfrentar o banho gelado e a luz voltar logo depois. Tudo normal, só você não para de tremer. Nessa quarentena tem faltado luz seguido no seu bairro? Um jantar à luz de velas até vai. Agora banho gelado é covardia. Os corajosos que me desculpem, mas eu enforco. Ninguém pode sair de casa mesmo.