Seu Problema é Nosso
Líder comunitária busca por doações na Vila São Judas Tadeu, em Porto Alegre
Associação de moradores tem sido procurada por quem necessita de alimentos, porém, está sem itens para oferecer
Arroz, feijão, óleo, macarrão, açúcar, café e farinha. Esses são os itens que, desde o início da pandemia de coronavírus, têm passado longe da despensa de muitas residências da Vila São Judas Tadeu, no bairro Partenon, na Capital. Na comunidade, onde grande parte dos moradores depende do trabalho informal para sobreviver, os efeitos do isolamento social na economia foram sentidos de imediato.
Preocupada com a situação da vizinhança, a líder comunitária Sandra Paim, 49 anos – presidente da associação de moradores –, decidiu iniciar uma campanha em busca de doações para ajudar a abastecer os armários de quem tem passado por dificuldades financeiras.
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– Minha comunidade felizmente nunca necessitou muito desse tipo de ajuda, porque todo mundo aqui é pobre, mas ninguém é miserável. Porém, a pandemia afetou bastante a renda, e muitas pessoas ficaram sem trabalho. Eu sou uma dessas pessoas, inclusive. Além disso, com as crianças ficando em casa, já que as aulas estão suspensas, o consumo também aumentou. Agora, vejo gente que jamais imaginei que passaria por necessidades vindo no meu portão, pedir ajuda – relata Sandra, que trabalha como diarista e perdeu 90% dos clientes durante o isolamento.
Levantamento
Para dar início à campanha, o primeiro passo foi percorrer as ruas da comunidade, batendo de casa em casa a fim de entender as necessidades de cada um. No levantamento, cerca de 130 famílias que estão em situação de vulnerabilidade foram cadastradas. Destas, 60 já receberam cestas básicas – fruto do que foi arrecadado entre moradores da própria vila e de condomínios onde Sandra e o esposo trabalham, além da parceria com um projeto social.
– Demorou quase um mês pra conseguirmos juntar uma quantidade suficiente para distribuir. O pessoal já estava desesperado – relembra a diarista.
Ritmo está mais lento do que desejado
Com o ritmo de arrecadação mais lento do que o esperado, mais da metade das famílias cadastradas ainda aguarda pelos donativos. Enquanto isso, as palmas batidas diariamente em frente ao portão de Sandra, por quem tem pressa para receber uma cesta básica, agravam a preocupação dela.
– Ainda temos 70 famílias esperando para receber, e não tenho mais nada de alimento para doar. Sei que existem muitas pessoas boas, que gostam de ajudar, e aqui temos muita gente precisando. Então, se uma pessoa puder me doar um quilo de feijão, outra, um quilo de arroz, já será válido. De grão em grão, a gente junta um monte – pede Sandra, ponderando que, ainda assim, existem mais carências na região que não podem ser ignoradas:
– Nesse momento, a necessidade maior é o alimento. Mas, fora da pandemia, é de que nos escutem e saibam o que quem mora nas vilas precisa: saúde, educação, lazer e oportunidades.
Como contribuir
/// Para fazer doações, entre em contato pelo WhatsApp (51) 98409-5101 ou ligue para (51) 98575-6044, com Sandra.
/// A maior necessidade é de alimentos não perecíveis, principalmente itens como arroz, feijão e macarrão.
Produção: Camila Bengo