No Dia do Trabalho, quero homenagear uma turma que vem se superando durante a quarentena. Não me refiro aos profissionais de saúde porque esses são heróis mesmo (e merecem toda a nossa gratidão). Hoje vou puxar uma salva de palmas pra quem está penando pra ensinar: os professores, claro. E também as mães e pais que precisam achar uma brecha nos próprios trabalhos pra ajudar os filhos em idade escolar. Não tá fácil, né? Tenho ouvido relatos de bravura dos dois lados. 

A sala de casa é a nova sala de aula (que também é a sala dos professores). Ou seriam os quartos? A mesa da cozinha? Onde o wi-fi pegar melhor. Será que tem espaço, computador, fones de ouvido e câmeras pra todos? Enquanto a Profe e o Sor aprendem a gravar vídeos pra ensinar à distância e não perder o vínculo com seus alunos, Papi e Mami rebolam pra acessar plataformas, baixar arquivos e ajudar nas tarefas. No meio disso tudo, alguém tem que fazer o almoço, arrumar a cama e tirar o lixo.

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Digitalizar

A verdade é que ninguém estava preparado pra enfrentar essa situação. Aos trancos e barrancos, escolas e famílias precisaram se digitalizar e se reinventar. Seguimos sem previsão de volta às aulas. Voltar como? O contágio do coronavírus pode disparar. Quem garante crianças distanciadas e banhadas em álcool gel? Vão correr de máscara no recreio? E os professores em grupo de risco? Se os pais voltarem primeiro para seus ambientes de trabalho, com quem ficam as crianças sem aula?

Sei de pequenos chorando com saudade dos colegas. De mães esgotadas de tanta atividade enviada pela escola (se enviam pouco é mamata). De pais cancelando pagamentos e de professores temendo perder o emprego. Mas também sei de conquistas pessoais. Lição número 1: mais tolerância dos dois lados! E menos perfeição. Todo mundo faz o que dá, tá combinado? Crianças estão aprendendo a sobreviver só de observar os pais. O maior aprendizado é a gente sair dessa com saúde e lucidez.