Coluna da Maga
Magali Moraes: era uma vez a pandemia
Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
A partir de hoje, começa a valer no Rio Grande do Sul o distanciamento controlado. Ainda estamos longe de liquidar o coronavírus, mas já é uma movimentação importante. Enquanto as quatro bandeiras entram em vigor e a gente se adapta às novas regras por região, mais um capítulo dessa história vai sendo escrito. Alguns países estão um passo à frente de nós na retomada porque o confinamento aconteceu antes. Pra eles, a chegada do verão ajuda. Aqui o inverno pode complicar.
Volta e meia eu me pergunto como tudo que está acontecendo agora será compreendido daqui a décadas. O que as gerações futuras vão aprender sobre essa pandemia? Muitos filmes, séries e livros mostrarão os hábitos e limitações durante a quarentena. Os números absurdos de mortes. O medo, o tédio e a ansiedade. Os empregos perdidos. A luta por respiradores e leitos de UTI. A batalha travada pela saúde. Será que a forma de trabalhar vai mudar radicalmente depois disso? O ensino? Os relacionamentos?
Bebês
Quem ainda nem nasceu terá empatia o suficiente para se colocar no nosso lugar? Os bebês que vieram ao mundo justamente num momento raro de pandemia vão querer ouvir histórias sobre a quarentena quando crescerem? Ou vão preferir nem saber? Sempre tem um lado poético pra contar: os céus que limparam da poluição quando as cidades esvaziaram de carros. Os rios que voltaram a ter peixes. Como as pessoas se ajudaram. O quanto nós reaprendemos a dar valor pra vida.
Certo que no futuro vão achar graça de tantas lives, bolos e pães feitos. Não vão acreditar nas máscaras usadas no queixo. Tomara que percebam uma evolução na humanidade. Antes de escrever essa coluna, eu fui fechar uma janela de casa e enxerguei um pôr do sol espetacular. Pareciam riscos no céu com canetas marca texto laranja e rosa. Fiquei um tempão olhando, pensando e agradecendo. Logo apareceu a primeira estrela. Não posso ver uma que já faço pedido. Pedi por todos nós algum final feliz.