Papo Reto
Manoel Soares comenta recentes casos de racismo no Brasil e no mundo
Colunista escreve para o Diário Gaúcho aos sábados
Eu juro que tento não escrever sobre racismo, inclusive, acho chato ficar sempre batendo nessa tecla. Quando tento esquecer que a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado, vêm uns babacas e começam a me lembrar que a cor da minha pele é sinônimo de tristeza e dor. Sério, o que explica sufocar um homem até a morte na frente da lente de um celular? O que explica entrar em uma live pra chamar duas mulheres de “macacas”?
Eu realmente gostaria que as pessoas brancas falassem de racismo, para que eu não precisasse ficar falando. As pessoas de pele clara têm que entender que elas são responsáveis por criar soluções, não nós, negros. O racismo está no corpo e na mente dos brancos, não dos negros. Sendo assim, quem é branco deve educar seus filhos e filhas para que não sejam perpetuadores dessas práticas.
Antes que alguns venham dizer “ah, mas existem negros racistas também”. Gente, depois de anos tomando pauladas físicas e emocionais, é comum que alguns negros desenvolvam o que a psicologia chama de auto-ódio e comecem a não gostar da própria pele. Outro efeito do ódio racial é negros que deixam de suportar pessoas brancas, pois veem nelas cada porrada que tomaram na vida. Em qualquer um dos casos, o racismo gera ódio, e temos que parar isso, senão essas chamas vão nos derreter de dentro para fora.