Em busca de vaga
Confira 20 dicas para quem pretende participar de uma entrevista online de emprego
A partir da pandemia, empresas de recrutamento e seleção cada vez mais utilizam o ambiente virtual para selecionar candidatos
Na sala, 25 pessoas conversam simultaneamente durante a primeira etapa da entrevista de emprego realizada pela ABRHEstágios, em Porto Alegre. São candidatos a vagas numa indústria do ramo farmacêutico. A diferença deste encontro é que apenas as consultoras estão no prédio da agência de recrutamento, enquanto cada um dos candidatos se comunica de um local diferente. A maior parte deles está em casa, já que a seleção ocorre por videoconferência. Assim como na ABRHEstágios, a entrevista a distância para vagas de trabalho se intensificou em agências, consultorias de recrutamento e nas empresas a partir da pandemia de coronavírus.
Segundo a coordenadora de Recrutamento e Seleção da ABRH-RS, Daniela Feijó, um dos diferenciais nas entrevistas presenciais era verificar de forma aprofundada o comportamento do candidato, auxiliando-o a identificar suas próprias competências comportamentais e como elas poderiam ser usadas em processos seletivos.
Com a necessidade de intensificar as entrevistas online por conta do distanciamento social, as consultoras passaram a ajudar os candidatos a se comportarem em frente às telas do computador e do celular.
— Percebemos que eles têm dificuldade de se mostrar, ficam mais retraídos. A ansiedade ocorre, talvez, por não estarem de forma presencial. Tornou-se fundamental auxiliarmos na utilização das ferramentas — conta Daniela.
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Outra forma de trabalho da ABRH-RS que ganhou força foi o videocurrículo, em que o candidato apresenta as suas competências por meio de um vídeo gravado. Daniela ressalta, porém, situações indesejadas durante esse processo online, como gravações em locais com muito barulho ao redor. Para a coordenadora, a seleção online se tornará prática comum depois da pandemia de coronavírus.
— Já conhecíamos as ferramentas, mas não as usávamos em 100% dos casos. Tivemos programas de seleção presencial com até 1 mil pessoas. Fazendo de forma online, facilita para o aluno e a agência. O processo começou como uma obrigação e, agora, já foi internalizado — relata.
A mesma opinião é compartilhada pela gerente de Gente e Gestão da Kley Hertz Farmacêutica, Lúcia Félix. Antes da pandemia, cerca de 10% das entrevistas com candidatos eram realizadas de forma virtual na empresa. Geralmente, eram vagas destinadas a gerentes de vendas em outras partes do Brasil. Desde março, porém, todas as posições estão sendo selecionadas de forma online.
— O olho no olho é bom, mas isso continua sendo possível por meio de vídeo. E há muitas vantagens neste formato de seleção. Temos mais agilidade, não há atraso, conseguimos administrar melhor o tempo e reduziu o número de desistências durante o processo — destaca a gerente.
Lúcia recorda que, antes da pandemia, o candidato precisava ir à empresa pelo menos três vezes durante a seleção. Agora, a presença física ocorre apenas na etapa final. A experiência neste período fez a empresa repensar o processo de seleção após o fim do distanciamento social. O recrutamento online deverá seguir como a principal ferramenta.
O candidato nas redes sociais
Na WK JobHub, responsável por recrutamento, seleção e gestão de recursos humanos de tecnologia, as entrevistas a distância existem há cinco anos para alguns setores. Apostando nesse perfil de seleção, no início de março deste ano, antes do anúncio de distanciamento social em Porto Alegre, a WK começou a transformar a então sala das entrevistas presenciais na área destinada às seleções online. Um logotipo da empresa foi instalado na parede, incluinido o nome da WK ao cenário que aparece nos vídeos. Do outro lado do mesmo ambiente, um estúdio de gravações foi instalado para ser usado na produção de conteúdo em vídeo para as redes sociais.
O diferencial com a pandemia, relata o CEO da empresa, André Streppel, foi a imediata realização de forma online de todas as entrevistas feitas na sede e nas empresas (segunda etapa do processo).
— Além de fazermos a entrevista online com o candidato, estamos preparando-o para o mesmo contato com o cliente (empregador) — comenta.
Questões que já eram importantes na preparação para a entrevista, como saber o perfil que está sendo buscado e como o profissional pode contribuir para aquela vaga específica, seguem também no mundo virtual. Mas o CEO pontua outras fundamentais para quem pretende participar de um recrutamento online.
— O candidato precisa estar num ambiente tranquilo para que o entrevistador consiga focar no que ele está falando, e não nos barulhos ao redor. Também deve preparar o cenário da entrevista, de preferência, o mais profissional possível, porque, provavelmente, será o seu ambiente de trabalho em home office — ensina.
Streppel ressalta, ainda, a importância de o candidato estar atento ao tipo de conteúdo que costuma publicar nas redes sociais e, principalmente, na forma como ele interage na internet, os tipos de comentários que faz sobre as pessoas, o que curte e o que posta.
— Numa entrevista presencial, o entrevistador já costumava pesquisar as redes sociais do candidato. Na entrevista online, isso se tornou fundamental. É preciso demonstrar nas redes sociais o que se pretende demonstrar na entrevista — alerta Streppel.