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Papo Reto

Manoel Soares: "Temos que cuidar de quem amamos, porque tudo é um sopro"

Colunista escreve nas edições de final de semana do Diário Gaúcho

20/06/2020 - 05h00min


Lauro Alves / Agencia RBS

Na quinta-feira (18), eu completei 40 anos. Tinha prometido a mim mesmo que não iria trabalhar nesse dia. Roberta, minha amiga que é diretora do Fantástico, pediu para eu fazer uma matéria especial sobre a morte de um menino chamado Guilherme, de 15 anos. Ao que tudo indica, ele foi morto pela polícia. A Roberta sabia que no dia do meu aniversário eu queria folga, mas também sabia que minha história de vida me colocava no momento certo para dizer o que precisava ser dito. Decidi quebrar minha promessa e entrar de cabeça na história. 

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Quando cheguei soube que o menino de 15 anos era um daqueles crianções de quebrada. Quando os outros meninos disseram para ele correr porque vinha a polícia, ele disse que não iria correr, porque não devia nada. Acabou sendo capturado, torturado e morto. 

Abraço

Acervo Pessoal / Manoel Soares
Último toque

A avó dele, dona Vera, me disse diversas vezes que queria morrer para dar o último abraço no neto. Larguei a reportagem e fui ouvir aquela mulher de coração ferido. Depois de chorarmos juntos, ela me deu essa foto (ao lado) de presente. Foi a última vez que tocou na mão do neto que tanto amava. 

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Entendi porque o universo me fez trabalhar no dia do meu aniversário. Ao visitar a morte, aprendi que temos que cuidar de quem amamos, porque tudo é um sopro.


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