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SEU PROBLEMA É NOSSO

Dupla de estudantes de escola pública de Gravataí produz filme sobre a depressão

Batizado de "Sr. Incidamus", o curta-metragem aborda a importância de se estar atento aos sintomas que podem indicar o desenvolvimento do transtorno

20/07/2020 - 14h41min


Samuel Lima / Divulgação

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a depressão está no topo da lista de doenças que mais causam a morte da população jovem, de 15 a 29 anos, em todo o mundo. Foi pensando na urgência deste assunto que os estudantes Gabrielle Gross, 17 anos, e Samuel Lima, 18 anos, resolveram unir a paixão pelo audiovisual ao desejo de promover a conscientização acerca do transtorno.

Alunos do terceiro ano do Ensino Médio no Colégio Estadual Barbosa Rodrigues, em Gravataí, a dupla é responsável pela produção de um curta-metragem que busca chamar a atenção para a incidência cada vez maior do sofrimento psíquico entre a juventude.

Gabrielle Gross / Divulgação

A inspiração para o projeto veio de um trabalho escolar que, nas mãos dos estreantes cineastas, ganhou vida e, hoje, já concorre a premiações no âmbito da produção cinematográfica independente. 

Sinopse 

Ao longo de 11 minutos de duração, o filme narra a relação de Lylo, uma adolescente insatisfeita com sua vida, e seu mais novo “amigo”, chamado Incidamus, que passa a acompanhá- la por onde vai. Batizado de “Sr. Incidamus” – palavra que, em latim, corresponde à depressão e dá nome ao personagem que, na obra, personifica a doença de Lylo –, o curta-metragem aborda a importância de se estar atento aos sintomas que podem indicar o desenvolvimento do transtorno. 

– Somos jovens falando sobre um assunto que, infelizmente, é mais comum na nossa faixa etária. Mas, ao mesmo tempo, é um pedido para que os pais olhem para dentro de suas casas, porque isso pode estar acontecendo e sem ser percebido – pontua Gabrielle, que divide a direção do curta-metragem com o colega Samuel. 

Produção 

Sem recursos financeiros disponíveis e com quase nenhuma experiência na área, foi mesmo a criatividade e empenho dos estudantes que possibilitou a conclusão do projeto. 

– Sentamos juntos e unimos nossas ideias para montar o filme da maneira que conseguiríamos, usando o que tínhamos disponível. Não gastamos absolutamente nada.  Como também não tínhamos experiência com audiovisual, nos baseamos naquilo que íamos achando que ficaria bom – relembra Samuel. 

As filmagens – que ocorreram no final do ano passado, antes do contexto da pandemia – foram feitas na residência de Gabrielle, com uma câmera semiprofissional. Os três atores que estrelam o curta-metragem, também moradores de Gravataí, atuaram de forma voluntária, e as etapas de pós-produção, como edição e montagem das cenas, foram feitas pela dupla de diretores. 

Gabrielle Gross / Divulgação

Com o filme pronto, o lançamento foi feito utilizando a ferramenta IGTV, da rede social Instagram. A repercussão foi positiva e, até ontem, a produção já tinha quase 1,7 mil visualizações – um incentivo para os jovens cineastas, que já planejam continuar atuando na área, após a conclusão do Ensino Médio

Isolamento trouxe novo sentido

Diante da pandemia do novo coronavírus, os planos dos estudantes para a estreia do curta- metragem precisaram ser alterados. Em razão das medidas de distanciamento social, a ideia inicial da dupla – que sonhava em promover um evento para o lançamento da produção – deu lugar à veiculação online, por meio de uma rede social. 

Ainda assim, os estudantes não acreditam que o projeto foi prejudicado pela atual conjuntura. Pensando nos impactos que o isolamento pode acarretar à saúde mental, a dupla crê que a narrativa ganhou um novo sentindo, reafirmando a emergência da discussão sobre a depressão. 

– Percebemos que tínhamos algo que podíamos usar para atentar olhares a esse tema, que é muito importante e que a pandemia agravou. Tivemos um retorno positivo, recebemos muitas mensagens, e isso nos fez pensar que o que fizemos valeu a pena – relata Gabrielle, e Samuel completa: 

– Nesse tempo dentro de casa, a gente se sente muito improdutivo e, às vezes, até impotente. Acredito que esse contexto fez com que o tema da depressão se tornasse ainda mais importante. Se tivéssemos soltado o curta em um período diferente, talvez não tivesse a mesma importância. 

Para assistir

/// Atenção: o curta-metragem apresenta conteúdo sensível. O acesso não é indicado caso o tema da depressão seja um gatilho emocional para você. 

/// Para conferir a produção, acesse bit.ly/incidamus

Para buscar tratamento 

/// A depressão é uma doença, requer tratamento. Você não precisa lidar com ela sozinho: se estiver passando por sofrimento psíquico, procure a ajuda de um profissional capacitado. 

/// No SUS, a porta de entrada para o atendimento de saúde mental se encontra na rede de atenção primária. Procure sua unidade de saúde de referência e solicite o encaminhamento para a especialidade. 

Produção: Camila Bengo



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