Coluna da Maga
Magali Moraes e o chão chorão
Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Essa coluna poderia se chamar Umidade Maldita, mas convenhamos que é mais legal imaginar um chão se esvaindo em lágrimas. Elas também molham, né? Não sei se na sua cidade também está acontecendo esse fenômeno dos pisos subitamente encharcados. Aqui em Porto Alegre, sim. A tal umidade relativa do ar que a previsão do tempo sempre fala. Esquentou, conforme anunciaram. Depois de tanto frio é gostoso poder usar uma roupa mais leve, e se iludir que esse calor não faz mal à saúde.
Que medo de escorregar nesse chão chorão! No sábado passado, os corredores do prédio onde eu moro estavam cobertos por uma fina camada de lágrimas. Nenhum lencinho de papel dava jeito. O problema é que os azulejos, vidros e espelhos não podem ver um chão chorar que já começam a lacrimejar junto. Sei lá, bate uma tristeza neles. E os próximos a chorar somos nós, estatelados no chão, se não prestarmos bastante atenção e caminharmos devagar. Cada rejunte é uma pocinha molhada.
Armadilha
Casca de banana é fichinha perto de um chão que chora de umidade. Pelo menos, ela pode ser vista à distância. Já um piso úmido é sempre uma armadilha para os distraídos. Uma vez levei o tombo do século por causa disso, acho até que contei aqui. Um vizinho teve que me levantar do chão, e por muito pouco não machuquei a coluna. Então fica o alerta pra você redobrar a atenção com esses pisos que choram sem parar. Não é drama, é umidade. Não tem como secar, o negócio é se cuidar.
Até quando vamos seguir nessa choradeira nem o Cléo Kuhn sabe. O tempo tá bem doido. E se fosse uma umidade mais levinha, que logo vai embora, tipo o orvalho da manhã? Mais poético, hein! O orvalho some fácil com o sol. Aliás, nem o sol está dando conta. É um chororô no chão. É roupa que não seca. É complicação na certa para os alérgicos. No que depender de mim, essa umidade já pode ir embora. Favor se retirar do recinto! Quero de volta aquele chão durão que nunca chora.