Pandemia
Porto Alegre recebe 87 denúncias por dia sobre desrespeito aos decretos de distanciamento
Prefeitura criou serviço exclusivo no telefone 156 para dar conta da demanda extra
Restrições às atividades para frear o avanço do coronavírus trouxeram uma nova rotina aos porto-alegrenses, mas também expuseram o descumprimento de regras. Entre 8 de maio, quando a prefeitura criou um menu exclusivo para a fiscalização, e 15 de julho, dia em que GaúchaZH solicitou dados ao Executivo, 5.923 ligações foram feitas ao telefone 156 e levaram as equipes às ruas.
A média diária é de 87 ligações. Ou seja: 87 vezes em cada um desses 68 dias os atendentes da prefeitura receberam as denúncias, constataram que de fato a situação narrada configurava um descumprimento, e então repassaram à Guarda Municipal e a equipes das outras secretarias a necessidade de ir até os locais verificar presencialmente.
As demais ligações para a prefeitura igualmente disparam - o que também mostra um forte indicativo de pessoas procurando o Executivo municipal para encaminhar os relatos de descumprimento. Em 2019, o 156 registrou entre janeiro e julho 503.303 chamadas. Em 2020, com a pandemia, o número saltou para 607.151 - 20% a mais.
Os relatos dos denunciantes são variados: vão desde um comércio não essencial abrindo as portas escondido, passando por churrascos a festinhas com aglomeração.
A demanda aumentou tanto que as equipes estão levando mais tempo para conseguir atendê-las, como admite o comandante da Guarda Municipal, Marcelo Nascimento:
— Mesmo que tenha alguma dificuldade com a linha congestionada ou o fluxo de atendimento grande, é importante que a população continue denunciando. As equipes estão na rua e nós vamos fazer o máximo possível dento da capacidade e, às vezes, até além dela.
Ainda de acordo com o comandante, aos finais de semana as denúncias sobre aglomeração disparam, especialmente envolvendo situações em parques e reuniões à noite. Há relatos, até, de jogos de futebol.
— Seguidamente, estamos atendendo denúncias de jogos de futebol em parques e praças, mais ainda na periferia. Então, imagina, são dois times de futebol, mais o pessoal que fica no entorno olhando — lamentou Nascimento.
Junto com as denúncias, também chegam os trotes, que atrapalham as equipes. A prefeitura não soube estimar, mas diz que tem sido comum enviar os agentes até um local e, ao chegar, perceber que se tratava uma ligação falsa. A brincadeira de mal gosto custa dinheiro ao cofre público e demora nas demais demandas, já que é uma equipe a menos na rua.
Só na Guarda Municipal, 200 agentes atendem às denúncias, divididos em escalas. A média, por dia, é de 50 agentes para dar conta, além das necessidades da pandemia, da rotina já existente na cidade.
Além da Guarda Municipal, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE) também tem equipes de fiscalização que atuam mesmo sem receber as denúncias, mas de foma preventiva. Segundo a pasta, a partir da fiscalização na rua e do 156, 636 autuações em comércio, indústria e serviços foram emitidas.
Desde junho, há a previsão de multa para quem descumprir o uso de máscaras e o distanciamento entre as pessoas.