Papo Reto
Manoel Soares: trabalho infantil pode ser outra consequência triste da pandemia
Colunista escreve nas edições de final de semana do Diário Gaúcho
Enquanto a covid-19 matou mais de 100 mil pessoas, outras milhares estão vivendo os impactos dessa realidade caótica que a doença trouxe. Uma das consequências mais tristes é a volta de uma prática que estava praticamente controlada no Brasil e no Rio Grande do Sul: trabalho infantil. Cada vez mais, é comum andarmos nas ruas e ver circulando entre os carros crianças vendendo balas ou panos de prato.
Cientes das necessidades que cada família vive, os motoristas e, às vezes, pedestres, se veem diante de uma escolha dolorosa. Se ceder ao aperto do coração e comprar, pode estar alimentando uma prática que fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Se não comprar, pode estar deixando de ajudar uma família a ter seu alimento daquele dia.
Bastidores
Muitos sustentam suas negativas alegando a si mesmos que essas crianças são, na verdade, escravas de outros adultos que as colocam nessa condição. Mas quem conhece os bastidores da fome e da dor sabe que isso não é regra. A verdade é que a pandemia retirou de muitas famílias a possibilidade de gerar sustento é bem estar social para essas crianças.
Cada vez mais, o amor ao próximo e a solidariedade precisam estar presentes em nossa vida para que possamos ajudar os que mais precisam. Nossas ações impactam realidades que não imaginamos.