Coluna da Maga
Magali Moraes e os adoradores de cactos
Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Somos muitos, eu imagino. Só isso explica a quantidade de vasinhos de cactos à venda em floriculturas e supermercados. Até um passado recente, não era assim. De onde veio essa mania de cactos? No imaginário coletivo, eles aparecem no sertão ou deserto. Tem sofrência envolvida: sol forte, seca, lugar descampado. E eles sobrevivem. Seus espinhos os protegem de virar comida para animais. Será que a resistência dos cactos é o que mais a gente admira? Ou a sua beleza incomum?
Na vida real, os cactos se multiplicam em estampas de camisetas, capas de cadernos, canecas e almofadas. Vivem domesticados em vasos coloridos, mas também são vistos crescendo selvagens nas dunas de areia da praia. Agora o que realmente encanta são as versões em miniatura. Como resistir? Aprendi na prática que aqueles espinhos minúsculos também furam a pele e são difíceis de tirar. Ainda bem que existem até cactos de tecido pra decorar a casa. Sem água e sem pinça.
Esperança
O primeiro cacto a gente compra na esperança dele continuar vivo e dispensar muitos cuidados. Depois vem o segundo, o terceiro, o quarto. Se até a rosa tem espinhos, por que não dar uma chance pros cactos? Muitos deles também dão flor. Fui pesquisar e descobri nomes engraçados: Cacto Samambaia, Amendoim, Cérebro, Orelha de Mickey, Castelo de Fada, Parafuso, Vela (sem espinhos), Coroa de Frade, Poltrona de Sogra (oi?), Candelabro, Rabo de Gato ou Macaco, Xique-Xique, Monstro.
Quanta criatividade, né? E tem ainda as suculentas, campeãs em armazenar água nas folhas. Esse nome dá vontade de comer. Muitas suculentas são coloridas, algumas são raras e todas chamam a atenção pelos formatos diferentes. Descobri que existe parentesco com os cactos. Eles são uma família de suculentas, mas elas não são cactos. Levemente confuso, né? Esquece. Tenho vários cactos, e a coleção tá aumentando. Solidão só no deserto. Aqui em casa, eles fazem companhia uns aos outros.