"Sério que tu também tem goteiras?", perguntou a Alda quando viu uma postagem minha nas redes sociais. Foi na chuvarada que caiu em Porto Alegre semana passada. Achei engraçada a surpresa dela. Respondi que sim, que todo mundo tem (ou já teve ou vai ter). Pra facilitar a vida, chamo de goteira qualquer água que entra na minha casa sem ser convidada. Dessa vez, a bandida infiltrou por uma tomada no quarto do meu filho. Molhou bonito. E ainda por cima ficamos sem luz a noite toda. 

Água é traiçoeira. Tenho várias histórias pra contar. Anos atrás, uma pecinha minúscula da lava-roupas alagou toda a cozinha, passou pro outro lado da parede e fez um estrago enorme. A gente estava viajando e voltou correndo porque avisaram que pingava no teto da vizinha. Também já contei aqui que tenho uma janela problemática. Se é chuva com vento forte, dá goteira. Sem falar lá na praia, naquelas chuvaradas de verão. Entra água em cantinhos que ninguém imagina. Haja pano, jornal e paciência.

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Gelo

Viu só, Alda? Acontece na casa de todo mundo. Ainda bem que goteira é só de vez em quando. No dia a dia, é forma de gelo vazia. Meia furada. Frigideira chamuscada. Copo lascado. Pó acumulado embaixo do sofá. Pote plástico já opaco. Toalha de banho com fio puxado. Formiga dentro do armário. Desodorante vencido. Planta murcha. Banana preta. Ovo quebrado. Limão estragado. Saco de lixo furado. Pé de meia perdido (e agora as máscaras que vivem desaparecendo dentro de casa). 

Mas voltando à água. Justiça seja feita. Tem água que a gente sempre quer. A geladinha quando bate a sede. A da chuva mansinha que ajuda a dormir bem. Água quente no banho pra tirar o cansaço. A da mangueira que molha a grama e diverte as crianças. O balde de água salvador quando entopem o banheiro. Como viver sem ela? Água da goteira a gente resolve. Que as torneiras nunca sequem. Ainda estamos na pandemia. Então não esquece de lavar muito bem as mãos. Água também é saúde.