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Preço em dólar, produção limitada, falta de um calendário: saiba quais são os desafios para a vacinação de grupos não prioritários

Dificuldade para se prever quando as pessoas poderão receber imunização contra covid-19 em clínicas privadas é outro obstáculo citado por especialistas

03/12/2020 - 09h14min


Camila Kosachenco
Camila Kosachenco
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Leremy / stock.adobe.com

Divulgado na terça-feira (1°) pelo governo federal, o Plano Nacional de Vacinação contra a covid-19 vai contemplar, na primeira fase, quatro grupos considerados de alto risco. Aos moldes do que ocorre em outros países, o planejamento brasileiro vai priorizar profissionais da saúde, pessoas a partir dos 75 anos, moradores de instituições de longa permanência e população indígena. Nas próximas etapas, novos grupos devem ser incluídos, no entanto, ainda é difícil estimar quando a imunização será aberta para indivíduos que não se enquadram em nenhum desses públicos-alvo. 

A vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, lembra que o primeiro objetivo, neste momento, é priorizar a saúde pública em todo o planeta, portanto, os esforços estão voltados para disponibilizar o maior número de doses para um maior número de países.  

— Assim, a vacinação em todos os países vai acontecer via sistema de saúde pública. Não temos nenhuma vacina ainda, mas temos várias promessas e, ao que tudo indica, serão confirmadas. Dessa forma, teremos imunizantes licenciados em momentos diferentes — diz. 

Com uma aprovação escalonada, acredita, será possível, na medida em que novas licenças forem dadas, ampliar o número de beneficiados. Ainda assim, observa Isabella, ao longo de 2021, todas as forças devem ser concentradas na imunização dos públicos-alvo pré-determinados por cada país.  

— Estou vendo pessoas querendo reservar na rede privada, mas não é campanha da gripe. Temos limitação de doses e elas têm que ir para o público prioritário para que tenhamos menos hospitalizações, menos doença grave e menos óbitos — defende a vice-presidente da SBIm. 

Geraldo Barbosa, presidente da Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC), compartilha da opinião e acrescenta que, assim que uma vacina for aprovada, será preciso lidar com novos obstáculos: 

— Como a demanda do público prioritário é muito grande e a produção não é tão rápida, vamos ter problemas de produção e logística. Principalmente porque a maioria dos imunizantes tem duas doses. 

O anúncio feito pelo Reino Unido, que pretende iniciar a imunização com o produto da Pfizer/BioNTech na semana que vem, tende a acelerar o processo, diz Barbosa. Isso porque, quando uma vacina começa a ser usada, a indústria pode começar a produção em larga escala. Mesmo assim, afirma o presidente da ABCVAC, não é possível prever quando os imunizantes estarão disponíveis na rede privada. 

— A gente acredita que no segundo semestre de 2021 vai ter algum tipo de vacina para o mercado privado. Mas isso é especulação, não é nada certo. Estamos em uma pressão muito grande, até mesmo para ajudar os governos, pois sabemos que não vai ter dinheiro para vacinar todo mundo. Então, se pudermos ajudar com quem pode pagar, contribuiremos com a saúde coletiva — argumenta. — As indústrias não querem passar cenários para não criar expectativas. E acho que nenhuma agência regulatória vai aprovar na rede privada sem antes atingir o público-alvo que os governos planejam. 

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Outro impasse que pode atrasar a vacinação dos demais grupos não incluídos no plano é o preço dos imunizantes. Como o custo é em dólar, Barbosa acredita que os valores das doses não serão convidativos no mercado brasileiro. 

— É difícil estipular preço, mas a gente sabe que vai ser uma vacina com custo elevado — finaliza do presidente da ABCVAC.

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