Coluna da Maga
Magali Moraes e o corpo de verão
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Quantas receitas infalíveis surgem a cada ano ensinando as mulheres a ter o corpo de verão? É como se existisse a obrigação de virar uma Sabrina Sato pra desfilar orgulhosa à beira-mar. A lista de sacrifícios é grande: regimes milagrosos, dietas malucas, privações, remédios emagrecedores, chás diuréticos e laxantes. Sem falar nas infinitas horas de academia pra esculpir músculos até na dobrinha do cotovelo. E assim ficar à altura dos padrões de beleza e (jura) com a autoestima alta.
Amiga, o espelho mais cruel de todos nem é espelho: são os nossos próprios olhos. A gente se julga o tempo inteiro. O formato do corpo, o peso, a pele, os pelos, o cabelo, o nariz, as olheiras (vou parar por aqui que o espaço do jornal é pequeno). Por mais que hoje em dia se fale muito em aceitação – e isso é uma baita conquista –, o caminho ainda é longo. Lá no fundo, estamos sempre nos comparando: celulites, curvas, varizes, peitos, barrigas, bundas. Isso é tão cansativo.
Esconderijo
Maiô ou biquíni? Podia ser uma escolha simples, mas geralmente é tensa. Usei biquíni poucos anos, o maiô foi sempre meu esconderijo preferido. "Não vai bronzear a barriga?!?" Quantas vezes ouvi esse comentário e sorri. A vontade era responder "Isso é problema meu". Canga enrolada na cintura, saída de praia bonita, vida que seguia. De uns tempos pra cá, surgiu na internet uma nova receita de sucesso: pra ter um corpo de verão, tenha um corpo e aproveite o verão. Faz mais sentido, né?
Bora aproveitar o corpo que temos e ser feliz nessa estação (em todas). Sem cobranças ou frustrações, sem metas impossíveis, focando na saúde e bem-estar. A alma agradece. Precisamos aprender a apreciar o conjunto da obra, e não ficar procurando defeitos. Entender que nossos corpos têm função, não só forma. Diversidade é mais que a palavra da moda. É aceitar a pluralidade de corpos, cada um carrega uma história. E nenhum deveria ser considerado melhor que o outro.