Coluna da Maga
Magali Moraes e o vai e vem de potes
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Alguém precisava falar sobre isso: potes de plástico que se perdem por aí. Que saem de suas casas se sentindo úteis, acham que vão dar uma passeada e (tadinhos) nunca mais voltam. Só no último Natal, imagine quantos potes mudaram de endereço por causa das sobras da ceia. O peru, a compota que ninguém comeu, a maionese que na teoria virou almoço. Estragou no pote? Sabe-se lá quando eles serão devolvidos. Já é metade de janeiro, e nada. Ah se fosse sequestro. É azar apenas.
Pode me chamar de possessiva. Não gosto de emprestar potes (muito menos livros, mas isso é assunto pra outra coluna). Aliás, eu não gosto de emprestar potes nem pra mim mesma. Calma que explico. São duas donas de casa em uma só pessoa. A Maga da praia e a Maga da cidade. Cada uma tem a sua cozinha, que tem os seus potes. Os que vão pra lá voltam pra cá (e vice-versa). No porta-malas do carro, todos estão seguros. Na geladeira é que mora o perigo. Como identificar quem é quem?
Iguais
Olha a minha tática. Logo na chegada, eu tiro o queijo que veio no pote da praia e boto num pote da cidade. O tamanho é igual. Às vezes, só muda a cor da tampa. Então por que mudar? Questão de equilíbrio. Não posso esvaziar um armário e lotar outro. Lá na praia, eu não preciso de potes tão grandes quanto aqui na cidade. Tem mais: se um dia bater na porta o Censo dos potes plásticos, tenho que saber a origem de cada pote. Nem que seja em consideração aos demais utensílios domésticos.
Domingo passado, voltamos tarde da praia. Deu preguiça de fazer o troca-troca. Pra ser fiel aos meus princípios, peguei uma fita isolante e marquei os potes praianos. Passei dias respondendo "O que é isso colado nas tampas?". Quem vai, volta! Potes plásticos: do que se alimentam e o que fazem quando estão em outra casa? Tá, isso não rende Globo Repórter. Mas rende enquete: os homens da sua casa nunca acham as tampas certas dos potes? Os devolvidos limpos são lavados de novo?