Coluna da Maga
Magali Moraes: me vacina
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Tô prontinha, de braço de fora, e lá no fim da fila. Vou esperar chegar a minha vez. O simples fato dos brasileiros estarem (enfim) sendo vacinados já me alegra e cura os males da alma. É como se essa notícia gerasse dentro de mim anticorpos contra pessimistas e negacionistas. Me sinto feliz por quem está na minha frente nessa fila: os heróis da saúde, especialmente quem atua no atendimento a pacientes com covid-19. E também os idosos, os grupos de risco e os vulneráveis.
Me emocionei ao ver que os moradores do Asilo Padre Cacique, aqui em Porto Alegre, foram vacinados logo nos primeiros dias. Se as famílias às vezes esquecem deles, a vacina não. Que venha a segunda dose, as visitas e abraços. Você viu a lucidez e empolgação da primeira idosa a ser vacinada no RS? Dona Eloína (99) agora quer passear no shopping. E a vovó carioca de 108 anos que abriu mão da vacina e cedeu sua vez ao próximo da fila? Alguém com mais expectativa de vida que ela.
Espertinhos
Quanta generosidade, hein? Por outro lado, fico imaginando a quantidade de espertinhos que vão dar algum jeito de furar essa fila. Atestados falsos, contatos privilegiados, cobrança de favores, sabe-se lá. É por isso que eu adoro a expressão "quem é você na fila do pão?". Ela é usada pra se questionar a importância que certas pessoas acham que têm. O ar de superioridade cai por terra na fila do pão, onde todos somos famintos. Bora esperar a sua vez que logo sai a próxima fornada.
Agora o que eu realmente não entendo é não acreditar na vacina e na ciência. Sempre me orgulhei de fazer todas as vacinas infantis nos meus filhos, e em mim também. Depois de velha, rasguei a cabeça e o joelho. Corri pra antitetânica nas duas vezes. As vacinas contra covid foram feitas na corrida? Os testes comprovam sua eficácia. Pra que arriscar a própria vida? Não vejo a hora H do meu dia D chegar. Vou levantar a manga da camisa e mostrar meu braço gordinho com o maior prazer.