Papo Reto
Manoel Soares: "Nada desaparece quando falamos de sentimentos"
Colunista escreve aos sábados no Diário Gaúcho
A presença ou ausência do pai causa um monte de coisas em nossa vida. Vejo que uns irmãos por exemplo, tentam aplacar a dor de não ter um pai sendo queridos por todos. É como se a rejeição do coroa fosse substituída por uma aceitação coletiva, como se o subconsciente do cara quisesse dizer ao pai: vem ser meu amigo que eu sou muito legal.
Outros que viram o pai trair a mãe com outras mulheres e tiveram que guardar o segredo têm dificuldade de abandonar atitudes machistas. Geralmente, quando não tomamos cuidado, nos tornamos o que nossos pais eram. No caso do pai em específico, precisamos ter muita cautela. Muitos homens de 35 a 45 anos são filhos de lares com ausência de pai ou com presença tóxica, regada a consumo abusivo de álcool e drogas. Isso nos faz ter uma relação diferenciada com nossos filhos e família.
Decisões inconscientes
Alguns que viveram de forma intensa vão na direção oposta e não reproduzem o que os pais fizeram de ruim. Outros têm uma visão romântica das atitudes dos pais e a maneira com que lidam com o trauma no inconsciente é reproduzir o mesmo comportamento, pois, assim, acreditam que estão em menor perigo.
Essas decisões são inconscientes, só com sessões sérias de terapia e muita disposição podemos abandonar algumas lembranças e fortalecer outras. Como pais, temos que tentar não causar trauma, lembrando sempre que nada desaparece quando falamos de sentimentos. Eles se reprimem, camuflam ou se transformam. Sejamos o pai que queríamos ter.