Novidade em Imbé
Surfe, patinação e beach tennis: como veranistas aproveitam a beira-mar iluminada à noite
Em Tramandaí, calçadão já é iluminado desde 2018, e atrai turistas e moradores para a prática de esportes
A beira da praia deixou de ser um atrativo para os veranistas somente durante o dia em Imbé e Tramandaí. Depois que o sol se põe, a orla atrai pessoas que praticam esportes e buscam contato com o mar quando a faixa está praticamente vazia. Nas duas cidades do Litoral Norte, a iluminação do calçadão e da praia tem atraído práticas como surfe, patinação e beach tennis durante a noite. Em Tramandaí, a iluminação existe desde 2018. Já na cidade vizinha, é novidade.
O empresário de Caxias do Sul Luca Framarim, 44 anos, surfa há 30 anos em Imbé e escolheu o fim de tarde e o início da noite como melhor momento para praticar o esporte. Todo os dias, entre 18h30min e 20h, ele está no mar.
— É um período que não tem tanto sol, acho o astral desse horário muito bom, e hoje levei o celular para fazer fotos do pôr do sol de dentro do mar. A vista que se tem de lá no final do dia, com o mar e a praia ao fundo, é maravilhosa — descreve.
Habituado às ondas de Imbé, Framarim conta que o surfe renova as energias:
— É como uma meditação. É toda uma energia que tem no mar. Quando se esta lá, no meio das ondas, sinto uma paz.
Em Imbé, a nova iluminação da Avenida Beira-Mar, no calçadão, é uma das novidades deste verão. São dois quilômetros iluminados com lâmpadas de LED, em um investimento de R$ 1 milhão inaugurado no final do ano passado, que deixa a via sem nenhum ponto escuro.
Para o ator Jô Borgges, 33, a iluminação favorece o surfe. Na última sexta-feira, estava surfando pela primeira vez nesta temporada:
— É como se tivéssemos um fim de tarde infinito. Faz diferença especialmente porque não temos mais o horário de verão. Comparado a outras praias, como Capão da Canoa, aqui o surfe pode ser feito por um horário mais prolongado. Olhando da areia, não dá para ter tanta noção, mas, do mar, a luz faz diferença. Tem ondas boas e daria para surfar até depois das 20h. Surfar à noite é diferente de surfar de manhã, em que dá aquele gás para começar o dia. O surfe do fim da noite, é para relaxar — opina ele, que pratica o esporte há 17 anos.
Um grupo de amigos que divide a paixão por beach tennis há oito anos agora também aproveita as noites de verão para praticar o esporte em Imbé. Para os parceiros, só há vantagens em jogar após as 20h.
— É fantástico porque não tem sol, a areia não está quente. O clima é melhor, tem ar fresco. É um esporte que não provoca aglomeração, as pessoas não se encostam — afirma o Neurilene Krai, 56 anos, professor de beach tênis e eletrotécnico aposentado.
Assim como o surfe, a modalidade na areia também foi facilitada com a nova iluminação da orla de Imbé:
— Beach tennis é acolhedor e integrado. E não teria como jogar a essa hora sem luz, fora que fugimos da aglomeração do dia — afirma o advogado e professor de judô Marçal Souza Neto, 47.
Cada partida dura 20 minutos. A quadra é dividida por uma rede própria para o beach tennis, com 1,70m de altura. Durante a disputa, o jogador só pode ter um contato com a bola. O objetivo é projetá-la sobre a rede sem deixá-la cair na areia. Na avaliação do professor, a esporte é agregador e não demanda que os participantes tenham conhecimento prévio de tênis ou vôlei:
— Recebemos todo mundo, joga quem quiser. Em três aulas, a pessoa já tem uma noção de jogo. É um esporte físico, técnico e tático. Faz a pessoa se mexer muito para não deixar a bolinha cair. É o esporte da moda — garante o professor.
Patinadora desde os seis anos, a estudante Andressa Niluk, 17, passou 10 meses de 2020 longe das quadras. Com a pandemia, abriu mão da rotina de treinos que a levou a disputar campeonatos na Argentina e no Chile. E foi no Litoral que teve a chance de voltar a andar sobre os patins, em um quadra na frente do condomínio onde a família veraneia, na Avenida Beira-Mar de Tramandaí.
À noite, depois das 21h, quando o calçadão de Tramandaí está praticamente vazio, Andressa rodopia na quadra sob o olhar do pai, o engenheiro mecânico Rogério Barbosa, 59. Para evitar que a areia estrague o rolamento das rodas do patins, Barbosa varre a quadra enquanto a filha patina.
— A patinação sempre foi um refúgio da rotina da escola, com provas. Passo os verões aqui há 17 anos e esse é o primeiro em que patino porque tem a quadra. Aos poucos estou recuperando meu condicionamento físico — diz Andressa.
Na noite da última sexta (8), Andressa ocupava metade da quadra, enquanto a outra era usada por um grupo que jogava basquete.
— É gostoso demais poder patinar de frente para o mar. Eu participava de três competições por ano, dava aula para crianças. Agora me sinto recuperando a rotina de treinos — conta a adolescente.