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Símbolo de proteção na pandemia, máscaras reduzem em 87% a chance de contrair covid-19, aponta pesquisa

Máscaras são fundamentais no combate à disseminação do coronavírus, mas é preciso atentar para critérios mínimos de qualidade no uso desse tipo de proteção

09/03/2021 - 08h55min


Guilherme Justino
Guilherme Justino
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Antonio Valiente / Agencia RBS
Proteção é mais robusta com máscaras como a N95

A máscara de proteção respiratória tornou-se um dos principais símbolos da pandemia de covid-19 – acessório de proteção que virou uma constante para a população mundial em 2020 e também em 2021. Antes utilizada cotidianamente apenas em alguns países asiáticos, o que era visto com curiosidade por cidadãos de outros países, a máscara agora é utilizada em todo o mundo, consagrando-se como uma importante medida na contenção da disseminação do coronavírus.

Apesar de estarem no rosto de todos, ou pelo menos da maioria prudente da população, muitas pessoas ainda não sabem que existem diversos tipos diferentes de máscaras e que cada um deles deve ser utilizado em ocasiões específicas. 

Nas últimas semanas, países da Europa têm recomendado ou até exigido da população o uso de máscaras profissionais, como os padrões N95 ou PFF-2, dado o grau de proteção mais elevado. Para especialistas, a recomendação também deveria ser seguida no Brasil — o problema é que por aqui, devido ao custo mais elevado na comparação com as de pano, por exemplo, uma parcela significativa da população não deve conseguir bancar os modelos.

Eles reforçam, ainda, que as máscaras de pano ainda são muito importantes no combate à pandemia, mas que é preciso atentar para alguns critérios mínimos de qualidade no uso desse tipo de proteção.

Proteção individual e coletiva

Para o médico infectologista Evaldo Stanislau, a máscara de tecido comum tem um grau de proteção bom, mas depende que todos usem para proteger mais.

— Isso porque, no caso das máscaras de pano, o que acontece é a redução da emissão de partículas por parte de quem está usando. Dependendo do material utilizado para a confecção da máscara, a filtragem do ar pode não ser tão boa, o que pode resultar em uma proteção limitada para o usuário.

Vitor Mori, pós-doutorando na Universidade de Vermont e membro do Observatório Covid-19 BR, destaca que o uso errado da máscara não acontece só quando ela não está cobrindo o nariz ou a boca.

— Se ela estiver folgada dos lados, por exemplo, ela perde toda a sua funcionalidade.

Mori ressalta que as máscaras do tipo N95 e PFF-2 não são descartáveis — para ele, elas não só podem como devem ser reutilizadas, principalmente para que não se corra o risco de faltar equipamentos de proteção para os profissionais da saúde.

Máscaras: fundamentais na prevenção

Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (SMS) apontou o papel do uso de máscaras e do distanciamento social na prevenção contra a covid-19. Os resultados sugerem que o uso de máscaras reduz em 87% a chance de ser infectado pelo SARS-CoV-2. 

Além disso, o estudo conclui que pessoas que aderem moderada a intensamente ao distanciamento social têm entre 59% e 75% menos chances de contrair o coronavírus.

Um dos pesquisadores que integra o estudo, o professor da Faculdade de Medicina da UFRGS Bruce Duncan afirma que, ancorado nos dados, é possível dizer que essas medidas têm um papel importante na prevenção da doença. A adesão moderada ou alta ao distanciamento social foram fortemente protetivas contra a doença, representando um risco 72% e 75% menor, respectivamente. O uso da máscara foi associado a um risco 87% menor de contrair o vírus.

Outro pesquisador do grupo, o professor da Faculdade de Medicina da UFRGS Marcelo Gonçalves destaca que adotar as medidas de distanciamento social e utilização de máscara sempre que estiver fora de casa tornou-se fundamental. 

— Não fazer isto é manter uma marcha para o colapso completo do sistema de saúde, com um aumento no número de mortes sem precedentes. Enquanto não temos vacina para todos, precisamos manter o distanciamento social e uso de máscara em todas as situações — complementa.

O Comitê Científico de Apoio ao Enfrentamento à Pandemia do Governo do Estado recomenda manter distanciamento mínimo de dois metros e dar preferência a ambientes ao ar livre ou bem ventilados.

Entenda os tipos de máscaras respiratórias

Mateus Bruxel / Agencia RBS
Máscaras de tecido: laváveis e reutilizáveis

Máscaras de tecido

São aquelas produzidas artesanalmente em casas ou confecções com materiais não médicos, como tecido, malha ou retalhos. Elas podem ser lavadas e reutilizadas. 

Genaro Joner / Agencia RBS
Máscara cirúrgica: utilizada por profissionais de saúde

Máscara cirúrgica

Produzida industrialmente com materiais específicos e descartáveis, a máscara cirúrgica é normalmente utilizada por profissionais de saúde durante procedimentos. Ela apresenta como diferenciais um material que filtra partículas menores que os tecidos comuns.

Antonio Valiente / Agencia RBS
N95: proteção contra aerossóis

Máscara N95

Também são  produzidas em nível industrial para profissionais de saúde. Elas buscam oferecer a melhor proteção contra aerossóis, as menores partículas respiratórias possíveis para a transmissão dos vírus. Durante procedimentos médicos, como entubações, elas são eliminadas em grande quantidade. Por isso, é necessária essa proteção maior.

Para isso, elas têm várias camadas de diversos materiais, além de serem muito anatômicas, de modo a  minimizar ao máximo os espaços por onde o ar poderia passar sem ser filtrado. Elas são as mais caras de serem produzidas.

Respiradores

Os respiradores são equipamentos de proteção individual (EPIs) que cobrem o nariz e a boca, proporcionando uma vedação adequada sobre a face do usuário. Os respiradores, além de reter gotículas, protegem contra aerossóis contendo vírus, bactérias e fungos, a depender de sua classificação. 

Máscaras com válvula

Esse tipo de máscara não é recomendado porque protege o próprio usuário, mas não as outras pessoas. O equipamento filtra as partículas do ar externo quando a pessoa inspira, mas permite que as partículas escapem pela válvula quando ela expira. No entanto, nas máscaras com válvula, um grande número de gotas passa pela válvula sem filtro, o que a torna ineficaz para impedir a propagação do vírus da covid-19 se a pessoa que usa a máscara estiver infectada.

Teste a qualidade da máscara de pano

Especialistas recomendam fazer dois testes simples:

  • O primeiro envolve observar a máscara contra a luz: se for possível enxergar do outro lado através da malha, é melhor procurar outra máscara.
  • O outro teste pode ser feito com uma vela acesa: se, ao assoprar, a vela apagar, é preciso trocar a máscara porque ela já perdeu a capacidade de filtrar o ar.

Higienização e cuidados com a máscara

Máscaras de pano

As máscaras de pano são reutilizáveis e devem ser higienizadas antes de cada nova utilização. A OMS indica que esse tipo pode ser lavado até 30 vezes antes do descarte apropriado. Lave com sabão ou detergente, de preferência com água quente. Outras opções são lavar com sabão ou detergente e água em temperatura ambiente, e depois colocar em água fervida por 1 minuto. Ou ainda deixá-las de molho em uma solução com 10% de água sanitária por, no máximo, 30 minutos e enxaguar bem antes de secar.

Ao colocar as máscaras é preciso estar com as mãos limpas e removê-las do rosto pelas tiras laterais. Evite tocá-la durante o uso.

Máscaras cirúrgicas

As máscaras cirúrgicas do tipo N95 são descartáveis e devem ser trocadas a cada duas horas de uso, segundo a OMS. Máscaras hospitalares devem ser trocadas a cada oito horas de uso.


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